Sociedade

D. Manuel Clemente revela que três sacerdotes do seu patriarcado suspeitos de abuso podem voltar às suas funções, assim Roma aceite

D. Manuel Clemente, cardeal patriarca de Lisboa
D. Manuel Clemente, cardeal patriarca de Lisboa
Nuno Botelho

Em entrevista, D. Manuel Clemente fala sobre os processos de abusos de menores, e da sua renúncia ao lugar de cardeal-patriarca, a um dia de completar os 75 anos, numa entrevista em que visa sublinhar a urgência de ter nova liderança na diocese de Lisboa

Roma terá a palavra final, mas tudo indica que três dos sacerdotes do Patriarcado de Lisboa irão poder voltar às suas anteriores funções, e um deles assumir as funções em modo parcial.

A informação foi avançada pelo cardeal-patriarca de Lisboa, numa entrevista concedida a Agência Ecclesia, na qual anunciou a sua renúncia ao cargo, um dia antes de completar os 75 anos.

D. Manuel Clemente disse ainda que o seu pedido de renúncia “não depende” diretamente dos casos de abuso de menores, “porque esse é um trabalho que estamos a fazer intensamente há vários anos”.

Questionado sobre os processos que foram abertos por abuso de menores no Patriarcado de Lisboa, D. Manuel Clemente, no cargo desde 2013, afirmou que a decisão final depende de Roma.

No entanto, admitiu, que em três dos casos “há indicações para que as pessoas assumam as funções que tinham, e no outro caso para que assuma parcialmente as funções que tinha".

Na entrevista, o cardeal-patriarca alertou para urgência de encontrar um novo nome para o seu lugar, porque a “diocese precisa de ser recomposta”, se possível antes do dia 1 de setembro, de modo a que o ano pastoral possa ser iniciado já com nova orientação.

A sua renúncia está relacionada com a idade, já que é obrigatório apresentar renúncia aos 75 anos.

A Diocese de Lisboa tem como auxiliares D. Joaquim Mendes, que também já completou 75 anos de idade, e D. Américo Aguiar, que se tornará cardeal a 30 de setembro.

D. Manuel Clemente referiu-se a D. Américo Aguiar, e ao facto de o Papa Francisco o ter escolhido para Cardeal, dizendo que esta escolha foi feita tendo por base o trabalho de D. Américo Aguiar nas Jornadas Mundiais da Juventude, que o Papa acompanhou.

Um grupo de católicos já enviou uma carta ao Vaticano, a pedir um “bispo livre e humilde”, “com movimentos de simples pastor e não de príncipe”, “centrado no essencial” e com “atitude de proximidade e cuidado”, em especial “aos mais pobres e vulneráveis”, anunciou a agência Lusa.

A agência Ecclesia avança que o projetado memorial de homenagem às vítimas de abusos “não ficará para as calendas gregas”, sublinhando que segundo D. Manuel Clemente o Papa se encontrará com algumas destas pessoas, “muito discretamente”, durante a Jornada Mundial da Juventude.

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