Sociedade

Operação Babel: Câmara do Porto garante que buscas da PJ não visam município mas empresas privadas

Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto
Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto
RUI DUARTE SILVA

As buscas hoje realizadas pela PJ nas câmaras de Gaia e do Porto, que culminaram com a detenção do vice-presidente do município gaiense, Patrocínio Azevedo, e de mais seis pessoas, abrangem projetos imobiliários de 300 milhões de euros

A Câmara Municipal do Porto garantiu hoje que as buscas da Polícia Judiciária (PJ) nos serviços municipais do urbanismo não visam o município, mas empresas privadas com processos urbanísticos ali a tramitar.

"A Câmara Municipal do Porto informa, de acordo com o que pode apurar até ao momento, que as buscas da Polícia Judiciária que esta manhã ocorreram nos serviços municipais do Urbanismo não visam o município", sublinhou a autarquia, liderada pelo independente Rui Moreira, em comunicado enviado às redações.

Segundo o município, as buscas da PJ visam empresas privadas que têm processos urbanísticos a tramitar na câmara, assim como em outras autarquias sem, contudo, referir quais.

Além disso, a autarquia confirmou que, neste momento, a PJ está a analisar dois telemóveis, sem avançar a quem pertencem.

Anteriormente, fonte da Câmara do Porto confirmou terem sido apreendidos os telemóveis do vereador do Urbanismo, Pedro Baganha, e de uma chefe de divisão do Urbanismo.

"A Câmara Municipal do Porto mantém-se colaborante com a investigação", vincou.

À porta do município, e quando questionado pelos jornalistas sobre o porquê de lhe ter sido apreendido o telemóvel, Pedro Baganha disse apenas que a PJ está a efetuar várias diligências de recolha de informação digital em postos de trabalho e em telefones.

Garantiu ainda que não foi constituído arguido, reforçando que a operação prende-se com empresas privadas e não com a Câmara Municipal do Porto.

"Eu não sou arguido", disse aos jornalistas.

As buscas hoje realizadas pela PJ nas câmaras de Gaia e do Porto, que culminaram com a detenção do vice-presidente do município gaiense, Patrocínio Azevedo, e de mais seis pessoas, abrangem projetos imobiliários de 300 milhões de euros.

A Operação Babel "centra-se na viciação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanístico em favor de promotores associados a projetos de elevada densidade e magnitude, estando em causa interesses imobiliários na ordem dos 300 milhões de euros, mediante a oferta e aceitação de contrapartidas de cariz pecuniário", explica a PJ, em comunicado.

Inicialmente a agência Lusa deu conta de seis detidos, mas os inspetores da PJ efetuaram sete detenções, incluindo a do vice-presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Patrocínio Azevedo (PS), que tem o pelouro do Planeamento Urbanístico e Política de Solos, Licenciamento Urbanístico, Obras Municipais e Vias Municipais.

Os detidos vão ser presentes a primeiro interrogatório judicial no Tribunal de Instrução Criminal do Porto para aplicação de medidas de coação.

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