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“As lideranças devem ter formação: se a equipa tiver um líder tóxico, isso favorece que esse comportamento exista na própria equipa”

“As lideranças devem ter formação: se a equipa tiver um líder tóxico, isso favorece que esse comportamento exista na própria equipa”
JOAO CARLOS SANTOS

A psicóloga Tânia Gaspar, coordenadora do Laboratório Português dos Ambientes de Trabalho Saudáveis, explica porque razão os sintomas de burnout estão a aumentar em Portugal e alerta para a importância de dar formação às pessoas que exercem cargos de chefia e de promover programas de prevenção nas empresas, que favoreçam a conciliação com a vida familiar

De acordo com o inquérito, 80% dos profissionais apresentam pelo menos um sintoma de burnout. O que é isso significa, na prática?
O burnout tem vários sintomas e a pergunta que nós fizemos no inquérito aos profissionais é se nas quatro semanas anteriores tinham sentido algum. Estamos a falar de tristeza, irritabilidade, cansaço extremo e outras questões que possam também estar a afetar a vida pessoal, como a família dizer que a pessoa está a trabalhar demais ou a pessoa sentir que está a deixar de fazer coisas importantes por causa do trabalho. A definição de burnout implica um stress profissional crónico, ou seja, não é uma situação pontual em que a pessoa tem de trabalhar muito, mas sim uma acumulação de fatores de stress, com que a pessoa deixa de conseguir lidar, a determinada altura da sua vida. Neste caso, 80% das pessoas dizem que sentem, pelo menos, um destes três sintomas: tristeza, irritabilidade e exaustão, que é o mais frequente. É um sinal de alerta. Mas o mais preocupante é que metade dos profissionais já têm cumulativamente os três sintomas.

É um valor surpreendente?
Não nos surpreendeu porque há outros estudos que apontam no mesmo sentido. Sabemos que os sintomas de burnout e de stress laboral estão a aumentar, sobretudo nesta conjuntura de pós-pandemia, guerra e ameaça de recessão económica. São fatores de instabilidade e incerteza, que criam stress em todos os níveis: a nível macro, porque há uma grande insegurança global; a nível das organizações, que ficam pressionadas e acabam por focar-se ainda mais nos resultados; a nível das lideranças, que também se sentem mais pressionadas e, por isso, acabam por pressionar mais os profissionais. Ou seja, é uma reação em cadeia. No fundo, este contexto não é nada favorável à saúde mental. Por isso, temos de desenvolver medidas para proteger as pessoas.

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