14 maio 2023 20:49

Ter monitores em algumas carreiras da Carris é uma das apostas em Lisboa. O projeto chama-se Amarelo e está a ser testado
Só 24% dos alunos dos 6 aos 18 anos vão a pé, mostram os Censos. Ir de autocarro aumenta no Secundário. “Falta de autonomia agrava-se geração após geração”
14 maio 2023 20:49
S ão 8h10 e a carreira de bairro número 29 da Carris arranca como habitualmente dos Olivais para a Encarnação, em Lisboa. Lá dentro seguem alguns passageiros e dois monitores de colete florescente vestido onde se lê “Amarelo”. Nas paragens seguintes, um deles mantém-se sempre à porta para receber as crianças que vão entrando e ajuda-as a levar a mochila até aos bancos mais ao fundo do pequeno autocarro onde se juntam os colegas de escola. De passe ao pescoço, com idades entre os 5 e os 10 anos, são todos clientes do Amarelo, o projeto-piloto que está a ser testado nos Olivais e em Benfica pela Câmara Municipal de Lisboa (CML) e pela Carris, com o apoio das juntas, e que coloca monitores em algumas carreiras para que os pais se sintam seguros em deixar os filhos apanharem o autocarro sozinhos.
O objetivo é reduzir a quantidade de crianças que vão de carro para a escola, um problema lisboeta que se estende a uma grande parte do país. Segundo dados dos Censos 2021 disponibilizados ao Expresso pelo Instituto Nacional de Estatística, mais de metade (52%) dos alunos entre os 6 e os 18 anos vai de carro, 24% vão a pé, 23% de transportes e menos de 1% de bicicleta. No caso dos mais novos, com idades abaixo dos 14, aumenta a percentagem dos que são levados pelos pais e que só quando entram no Secundário, a partir dos 15 anos, começam a ganhar espaço e a ir mais a pé e de autocarro, ‘escapando’ ao carro dos pais.