A tendência crescente do número de Bandeiras Azuis registada nas últimas quatro décadas não se verifica em 2023. Este ano há apenas mais uma praia a receber o galardão do que no ano anterior. São agora 394 no total. E a razão para tal é o facto de haver mais saídas (12) do que novas entradas (9), a que acrescem quatro reentradas (Boa Nova no Norte, Infante, no Tejo, Piscinas Carrapacho e Praia, ambas nos Açores).
Uma das novidades é que a liderança das zonas balneares costeiras está agora a Norte (87 praias), destrona pela primeira vez o Algarve (85). Entre as praias novas contam-se quatro no Norte (Merelim de São Paio, praia dos Beijinhos, Pedras de Agudela e Seca), três no Centro (Esteiro de Ereira, Labrego e Cabedelo), uma no Tejo (Sorraia) e uma nos Açores (Calheta da Maia).
Já as zonas balneares que perderam o direito a içar a Bandeira Azul distribuem-se por seis no Centro (Piódão, Alvôco das Várzeas, Sandomil, Côja, Sra. da Piedade e Torrão do Lameiro), uma no Alentejo (Mogavel), uma no Algarve (Beliche), uma nos Açores (Prainha) e três na região de Lisboa e Vale do Tejo (Janeiro de Baixo, Caxias e Paço de Arcos). Estas duas últimas praias costeiras do concelho de Oeiras eram desde 2020 as praias urbanas com Bandeira Azul mais próximas da capital. A perda do galardão deve-se a terem existido focos de contaminação microbiológica das águas que “estarão associados a enxurradas que se verificaram no final do verão passado” e arrastaram contaminantes, explica ao Expresso Catarina Gonçalves, coordenadora nacional do Programa Bandeira Azul. Segundo esta responsável, “a grande derrocada de galardões em praias fluviais e costeiras deve-se sobretudo a fenómenos extremos, como a seca e os incêndios de 2022 que afetaram muitas praias fluviais. Depois vieram as chuvas e enxurradas, no final do verão, que afetaram mais as praias urbanas costeiras”.
A erosão costeira foi a razão para que a praia de Beliche, em Vila do Bispo, perdesse o galardão este ano. “Sem areia não há praia nem espaço para apoio balnear”, frisa Catarina Gonçalves. Já no caso da Prainha, em Angra do Heroísmo, ou de Mogavel, em Sines, foram problemas em estações de tratamento de águas residuais (ETAR) locais que contaminaram as águas.
O segundo país com mais praias fluviais premiadas
Se não houver nenhum percalço até ao dia de içar o símbolo de qualidade balnear, atribuído pela associação Bandeira Azul da Europa (ABAE), serão 394 as praias, distribuídas por 103 concelhos do continente e ilhas, a poder ostentar o símbolo de qualidade balnear. Este número coloca Portugal em sexto lugar do ranking entre 50 países.
Do total de galardoadas, 47 são praias fluviais (menos três que no ano passado), e já este número, “faz Portugal subir para segundo lugar a seguir a França”, sublinha Catarina Gonçalves. O Centro e Tejo lideram nas praias interiores em rios ou lagos que podem vir a içar a bandeira de qualidade (respetivamente 15 e 14), seguidos do Norte (10) e Alentejo (8)
Portugal coloca-se imediatamente no primeiro lugar do ranking em termos de embarcações ecoturísticas, o que revela, na opinião da coordenadora, “uma aposta clara no turismo azul”, relacionado com a observação de cetáceos e de aves, mas também em atividades de mergulho e pesca recreativa. Já no campo das marinas com direito ao símbolo azul contam-se 17, menos uma que no ano passado, devido à saída da de Angra do Heroísmo.
A geodiversidade como tema
Como tema deste ano, a Associação Bandeira Azul da Europa escolheu a “Geodiversidade”, tema que terá o seu primeiro dia mundial a 6 de outubro, por proposta de Portugal acolhida pela UNESCO.
Já nas zonas balneares esperam-se muitas atividades de educação ambiental sobre este tema promovidas pelos municípios, que passarão não só pela descoberta das rochas que servem de refúgio à biodiversidade marinha, mas também por um melhor conhecimento sobre de que rochas erodidas são feitos os areais das nossas praias.
Aliás, a qualidade das areias em termos microbiológicos é também um novo critério em análise desde o ano passado, mas ainda não imperativo para a eliminação de candidaturas à Bandeira Azul, como é o da excelente qualidade da água balnear (cinco anos seguidos sem análises más), a presença de nadadores-salvadores, a qualidade dos acessos e as obrigações dos concessionários dos apoios de praias apostarem em projetos de eficiência energética e de responsabilidade social, como a redução de consumo de plástico descartável. Só a partir de 2024 poderão as areias ganhar outra importância quanto à sua contaminação ou não por fungos e bactérias, como a E-coli e os Enterococcus, (oriundos de coliformes fecais), também analisados nas águas.
A lista das praias, marinas e embarcações galardoadas com Bandeira Azul 2023, foi apresentada esta quinta-feira, no Aquário Vasco da Gama, pelo presidente da Associação Bandeira Azul da Europa, José Archer.
LISTA DAS PRAIAS COM BANDEIRA AZUL EM 2023