Sociedade

Lisboa enche-se de professores que se sentem depreciados e que não se revêem nas lutas de galos entre sindicatos

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Os professores reuniram-se no Marquês de Pombal e caminharam em direcção ao Parlamento, para reclamar melhores condições de trabalho. A greve continua prevista para o início do segundo período, em janeiro

A marcha dos professores convocada pelo Sindicato de Tod@s @s Profissionais da Educação (STOP) para este sábado, segundo os repórteres no local, terá reunido cerca de 20 mil pessoas, gritando, “Ministro, escuta, professores em luta”, e evidenciando cartazes onde se pode ler, “Professores em união para salvar a educação” ou “Basta, não aguentamos mais”. A Fenprof não se juntou à manifestação, nem a FNE.

A marcha visa sensibilizar a opinião pública e os pais para a más condições de trabalho dos professores, reclamando ainda uma avaliação decente (para os docentes). Em declarações à SIC, Rui Correia, professor de História, disse que o sistema em curso está a depreciar as promoções na carreira de professor: “Não pode haver quotas de acesso à excelência”, explicou.

À Lusa, o presidente do STOP, André Pestana, garantiu que os professores e educadores querem "fazer parte da solução", mas vão manter o protesto até verem as suas reivindicações atendidas pelo Ministério da Educação. Minutos antes da concentração, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, estava por perto "a trabalhar" e quis deixar "um abraço de solidariedade", ouvindo queixas de uns professores e deixando-se fotografar com outros.


Garcia Pereira, advogado especializado em Direito do Trabalho e ex-dirigente do MRPP, foi um dos "convidados" a falar aos manifestantes. "Esta vossa, e nossa, luta é também importante para alunos e pais", sublinhou, considerando que "um país de gente inculta, impreparada e sem memória" serve a "governos autoritários". A educação é fundamental para "um país com futuro", vincou.

Elogiando "o pequeno mas firme e lutador" STOP, "que não aceita alinhar em vigílias e greves fofinhas", sublinhou que "os sindicatos, tal como as pessoas, não se medem aos palmos". Na SIC, Rui Correia acrescentou em directo que não pretende fazer depender esta reinvidicação da luta de galos entre sindicatos. Segundo o docente de História, os professores querem fazer parte da solução, e exigem mais transparência: “Neste momento há opacidade”.

O professor do ensino superior Santiago Castilho foi outro dos “convidados” a discursar, antes do arranque do cortejo até à Assembleia da República. É preciso, disse, “agarrar no chicote para expulsar este sacrista”, referindo-se ao ministro João Costa, que acusou de “mentir” a professores e educadores. “As lutas sindicais têm sido cada vez mais aprisionadas por interesses partidários”, notou Santana Castilho. “

A greve, que se iniciou no dia 9 de dezembro, será retomada no início do 2.º período letivo, com pré-avisos entregues para todo o mês de janeiro. Esta greve levou ao encerramento total ou parcial de várias escolas ao longo de seis dias e registou uma adesão que o coordenador nacional do STOP, André Pestana, disse ter superado as expectativas.

Na sexta-feira, o ministro da Educação, João Costa, mostrou-se surpreendido com a paralisação, argumentando que estão a decorrer negociações com os sindicatos, nas quais o executivo está de boa-fé.

No dia 16, sindicalistas da Fenprof marcaram presença exibindo cartazes de protesto junto à entrada da escola Escola Secundária Marques de Castilho, durante a visita do ministro João Costa, no âmbito do encerramento do 1.º período das aulas, em Águeda.

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