Sociedade

Peru em estado de emergência: sete jovens portugueses continuam retidos no país, mas MNE garante que estão "em segurança"

Soldados nas ruas de Arequipa, no Peru
Soldados nas ruas de Arequipa, no Peru
Jose Sotomayor

Embaixada de Portugal em Lima garante estar a acompanhar a situação dos jovens que tiveram de ficar retidos num hotel e adianta que estes farão a viagem de regresso logo que reabrirem os aeroportos

O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) garante estar a acompanhar, “desde o início e em permanência”, através da Embaixada de Portugal em Lima, a situação dos sete jovens portugueses que se encontram retidos num hotel na segunda maior cidade do Peru, Arequipa, onde os conflitos associados à destituição do Presidente peruano estão a impossibilitar o seu regresso a Portugal.

Os jovens portugueses que se encontram retidos num hotel, após terem passado 50 horas num autocarro por as estradas terem sido cortadas por manifestantes, deveriam fazer a viagem de regresso a Portugal esta quarta-feira às 16h30, mas estão ainda impedidos de o fazer até porque o aeroporto se encontra fechado.

Segundo adiantou o MNE, em comunicado, os jovens encontram-se “em segurança”, e contam com o apoio da Embaixada de Portugal em Lima para poderem sair do país e viajar de forma segura logo que se proceda à reabertura dos aeroportos.

Segundo o relato feito à agência Lusa pela mãe de um dos jovens, Paula Rodrigues, o grupo está “preso num hotel em Arequipa, onde chegou com muita dificuldade”. "Na noite de sábado ficaram retidos quando seguiam na estrada Pan Americana em direção a Cuzco. Seguiam num autocarro onde ficaram durante 50 horas porque as estradas foram cortadas por manifestantes”, detalha.

Os protestos no Peru intensificaram-se nos últimos dias, com o bloqueio de estradas e a ocupação do segundo maior aeroporto do país, em Arequipa, que fica a cerca de 1.200 quilómetros da capital, Lima.

Apanhados “de surpresa” pelos tumultos

Quando perceberam que o autocarro teria dificuldades em sair do local, os jovens portugueses, juntamente com dois dinamarqueses, dois peruanos e a guia, decidiram seguir a pé até à vila mais próxima, relatou Paula Rodrigues.

"Chegaram a uma vila no meio do deserto onde conseguiram arranjar uma carrinha que lhes permitiu chegar a uma outra vila", contou a mãe do rapaz de 24 anos, com quem continua a manter um contacto telefónico regular.

Quando os jovens chegaram ao Peru foram apanhados de surpresa pelos tumultos provocados pela destituição do presidente do Peru, Pedro Castillo, detido sob a acusação de promover um "golpe de Estado". Em Arequipa, cerca de dois mil manifestantes invadiram a pista do aeroporto na segunda-feira, suspendendo o tráfego aéreo.

Além do bloqueio do aeroporto, as manifestações no Peru intensificaram-se com cortes de estradas por todo o país num amplo movimento popular e indígena que contesta a elite política de Lima.

Os jovens são colegas do curso de Medicina da Universidade de Coimbra, tinham terminado os seis anos de curso e realizado o exame final e, como prémio, decidiram fazer uma viagem de duas semanas: uma semana no Rio de Janeiro e outra no Peru.

Notícia atualizada às 10h

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