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Estudo revela que TikTok sugere transtornos alimentares e conteúdo de automutilação a contas de adolescentes recém-criadas

Estudo revela que TikTok sugere transtornos alimentares e conteúdo de automutilação a contas de adolescentes recém-criadas
NurPhoto

Conteúdos que apelam a transtornos alimentares e a automutilação surgem nas sugestões das contas de adolescentes minutos depois de serem criadas. Em média, conteúdos relacionados com suicídio aparecem em 2,6 minutos, e vídeos acerca de transtornos alimentares são sugeridos ao fim de oito

Minutos após serem criadas, contas de adolescentes na rede social TikTok recebem sugestões de conteúdos sobre transtornos alimentares e automutilação. Foi o que apurou Center for Countering Digital Hate, uma organização sem fins lucrativos sediada em Londres e Washington, quando desenvolveu um estudo sobre o algoritmo de recomendações de vídeos no TikTok. Conteúdo relacionado com suicídio aparece em 2,6 minutos, e vídeos acerca de transtornos alimentares são sugeridos ao fim de oito minutos, sistematiza a “Sky News”, que conduziu uma investigação paralela.

A “Sky News” descobriu que conteúdos de apelo a transtornos alimentares eram recomendados através da função de pesquisa sugerida do TikTok, apesar de o utilizador não procurar de forma direta por publicações “prejudiciais”. BEAT, organização não governamental britânica ligada à causa de combate a distúrbios alimentares, considerou as descobertas “extremamente alarmantes”, tendo pedido à plataforma que tome "ações urgentes para proteger utilizadores vulneráveis".

A empresa justifica que as recomendações são baseadas em vários fatores, como os ‘gostos’, seguidores, partilhas e configurações do dispositivo, em que se insere a preferência de idioma.

O Center for Countering Digital Hate criou contas no Reino Unido, EUA, Canadá e Austrália. Para cada conta foi definido um nome de utilizador tradicionalmente feminino e a idade foi fixada em 13. Uma conta em cada país também incluía a expressão "perder peso" no nome de utilizador, depois de uma investigação ter apurado que se tratava de uma característica de contas pertencentes a utilizadores vulneráveis.

Os investigadores do centro analisaram os conteúdos apresentados às novas contas, tendo sido concluído que os utilizadores adolescentes recebiam vídeos relacionados com imagem corporal a cada 39 segundos. Nem todos os conteúdos foram interpretados pela organização como “prejudiciais”. As contas vulneráveis ​​mostravam esse tipo de conteúdo três vezes mais do que as contas padrão. As contas de utilizadores vulneráveis expunham conteúdo mais extremo do que as contas padrão.

A organização britânica já tinha revelado que o TikTok reúne um conjunto de conteúdos de transtorno alimentar que acumularam mais de 13,2 mil milhões de visualizações em 56 etiquetas diferentes. Cerca de 59,9 milhões das visualizações referem-se a etiquetas que continham uma alta concentração de vídeos que promovem a desordem alimentar.

O TikTok argumenta que a atividade captada pelo estudo “não reflete o comportamento ou as experiências genuínas de visualização de pessoas reais”.

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