Sociedade

Dormir até ao fim: as fragilidades da sedação terminal

26 novembro 2022 10:36

valerie winckler

A sedação terminal é o último recurso usado em casos de dor ou desconforto intoleráveis, mas nem sempre pode ser aplicada

26 novembro 2022 10:36

Sem lei da eutanásia em Portugal, hoje em dia resta às pessoas em sofrimento intolerável, cuja doença é irreversível e a morte é, a prazo, inevitável, uma solução de último recurso. Atingidas as doses máximas de todos os medicamentos disponíveis, e caso o aceitem, os doentes em cuidados paliativos podem ser colocados em sedação terminal (ou paliativa), uma técnica que os força a dormir, diminuindo-lhes a consciência a fim de aliviar a dor ou o desconforto. É uma solução de último recurso, para os poucos casos em que a terapêutica existente não chega. E esta diferencia-se da morte assistida, sobretudo pela intenção. Segundo Miguel Ricou, presidente do Conselho de Especialidade em Psicologia Clínica da Ordem dos Psicólogos e professor de Ética na Faculdade de Medicina, que tem participado desde o início na discussão da lei da eutanásia em Portugal, quaisquer tratamentos praticados hoje atuam “sem o objetivo claro de terminar com a vida, mas sim de manter o doente confortável”, mesmo que provoquem o chamado “duplo efeito” de acabarem por lhe encurtar a vida por conta dos efeitos secundários. Contudo, por isso mesmo, a sedação terminal não abrange obrigatoriamente os casos de “lesão definitiva de gravidade extrema”, previstos na proposta de lei da eutanásia, como serão os das pessoas tetraplégicas ou com doenças degenerativas, como a de Joana Silva (ver texto ao lado), se não estiverem internadas e sob sofrimento físico intolerável.

consciente até ao fim.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.