“Atiram-se contra paredes, mutilam-se e ficam em carne viva”: a Madeira tem um problema de droga chamado “bloom”
O negócio e o consumo fazem-se quase às claras, bem perto do centro do Funchal. Há tiros, detenções, moradores assustados e turistas que se recusam a voltar, internamentos por surtos psíquicos. A PSP diz estar presa pela lei
“Eu já mostro o que tenho ali escondido atrás da porta para o caso de apanhar alguém dentro de casa.” Dúlio Freitas está cansado e vive em sobressalto por causa do negócio de bloom que se faz às claras duas portas acima, no Caminho de São Roque, um lugar pacato e com vista para a baía do Funchal. O bloom trouxe os consumidores que, de noite ou de dia, andam abaixo e acima e deitam mão a tudo o que lhes possa render uns euros para comprar a dose.
E é por isso que Dúlio, antigo marinheiro, tem uma catana escondida atrás da porta. Há uns meses foi assaltado, levaram umas peças de coleção e umas cadeiras que tinha no quintal. “Foi para a droga, as cadeiras foram parar ao quintal do vizinho.” O mesmo vizinho a quem a polícia apreendeu nove quilos que se supõe ser alfa PHP, uma substância considerada droga desde 2021 e que é conhecida na rua como “bloom”. O produto, apreendido em julho, foi enviado para Lisboa para análise, mas o movimento na rua não se alterou.
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Maria não se arrepende do que fez: já pagou dívidas do irmão só para a polícia não o levar algemado e levou fruta, roupas, pijamas, tudo o que foi preciso para o manter em tratamento e dar paz à mãe. Sabe o que pode acontecer no limite. “Tenho um primo que se atirou de uma casa. Disse ‘agora vou voar’ e partiu uma perna. Tudo por causa do bloom”