Exclusivo

Sociedade

O declínio dos insetos é uma “crise silenciosa mas existencial”: uma entrevista a Oliver Milman

O declínio dos insetos é uma “crise silenciosa mas existencial”: uma entrevista a Oliver Milman
RUI DUARTE SILVA

Os insetos estão a desaparecer. Pode não parecer grave, até porque são o grupo de animais mais diverso da Terra, de longe com o maior número de espécies. Mas a realidade é que “o nosso mundo desmoronar-se-ia sem eles: duraríamos como humanos apenas alguns meses”. O alerta é de Oliver Milman, jornalista especializado em questões ambientais no “The Guardian” que este ano publicou o livro “A Crise dos Insetos”, editado em Portugal pela Bertrand. Em entrevista ao Expresso, o autor fala sobre “a queda dos pequenos impérios que fazem o mundo girar”. Eis uma conversa sobre bichos

Como surgiu a ideia de escrever o livro?
Não era algo que eu realmente tratasse enquanto jornalista de ambiente, estava mais concentrado nas alterações climáticas, florestas tropicais, ursos polares… Mas surgiu falando com cientistas que começaram a abordar o assunto como um problema cada vez maior. Tornou-se claro que havia esta crise silenciosa mas existencial em curso: o alarmante declínio de insetos em todo o mundo, e pensei que era importante que mais pessoas soubessem. Comecei a escrever o livro em 2019 e foi publicado no início deste ano.

A maioria das pessoas não sabe realmente que os insetos estão a desaparecer, ou por que motivo são tão importantes para o planeta. Porquê?
Dizem-nos desde tenra idade para não gostarmos de insetos e para não estarmos perto deles. Quando entomologistas vão a uma escola e mostram insetos às crianças, elas gostam muito deles, querem tocar-lhes e aprender mais. Mas quando chegam ao liceu, os adolescentes pensam que eles são horríveis. Assim, a dada altura, estamos a ensinar às crianças desde tenra idade a terem medo de insetos e a não estarem perto deles.

Penso que temos algumas boas razões históricas para isso. Basta pensarmos na malária, trazida pelos mosquitos, ou no facto de os insetos estarem associados à morte, quando pensamos em moscas e cadáveres. Mas esquecemo-nos que os insetos fazem muito mais bem do que mal. O nosso mundo desmoronar-se-ia sem eles, duraríamos como humanos apenas alguns meses. Ainda assim, não os apreciamos realmente da mesma forma que apreciamos outros animais dos quais não dependemos tanto. Adoramos tigres e orangotangos mas, de um ponto de vista egoísta, ainda estaríamos por perto se eles morressem. Sem insetos, não.

Artigo Exclusivo para assinantes

Assine já por apenas 1,63€ por semana.

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mtribuna@expresso.impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas