Como surgiu a ideia de escrever o livro?
Não era algo que eu realmente tratasse enquanto jornalista de ambiente, estava mais concentrado nas alterações climáticas, florestas tropicais, ursos polares… Mas surgiu falando com cientistas que começaram a abordar o assunto como um problema cada vez maior. Tornou-se claro que havia esta crise silenciosa mas existencial em curso: o alarmante declínio de insetos em todo o mundo, e pensei que era importante que mais pessoas soubessem. Comecei a escrever o livro em 2019 e foi publicado no início deste ano.
A maioria das pessoas não sabe realmente que os insetos estão a desaparecer, ou por que motivo são tão importantes para o planeta. Porquê?
Dizem-nos desde tenra idade para não gostarmos de insetos e para não estarmos perto deles. Quando entomologistas vão a uma escola e mostram insetos às crianças, elas gostam muito deles, querem tocar-lhes e aprender mais. Mas quando chegam ao liceu, os adolescentes pensam que eles são horríveis. Assim, a dada altura, estamos a ensinar às crianças desde tenra idade a terem medo de insetos e a não estarem perto deles.
Penso que temos algumas boas razões históricas para isso. Basta pensarmos na malária, trazida pelos mosquitos, ou no facto de os insetos estarem associados à morte, quando pensamos em moscas e cadáveres. Mas esquecemo-nos que os insetos fazem muito mais bem do que mal. O nosso mundo desmoronar-se-ia sem eles, duraríamos como humanos apenas alguns meses. Ainda assim, não os apreciamos realmente da mesma forma que apreciamos outros animais dos quais não dependemos tanto. Adoramos tigres e orangotangos mas, de um ponto de vista egoísta, ainda estaríamos por perto se eles morressem. Sem insetos, não.
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