Sociedade

Portugal perde anualmente 190 mil milhões de litros de água pelas suas condutas. Este desperdício dava para abastecer um milhão de pessoas

26 agosto 2022 16:02

Carla Tomás

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Jornalista

Rui Duarte Silva

Rui Duarte Silva

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Fotojornalista

A barragem do Vilar-Tabuaço, na bacia do Douro, está a 14% da capacidade

Seca. A água que se perde em mais de 100 mil quilómetros de redes públicas para abastecimento humano é de 1,9 mil milhões de litros por ano. Falta de manutenção nos ramais é um problema

26 agosto 2022 16:02

Carla Tomás

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Rui Duarte Silva

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Anualmente, esvaem-se nos 119 mil quilómetros de condutas de abastecimento de água urbanas 194 milhões de metros cúbicos (1,94 mil milhões de litros), de acordo com dados da Entidade Reguladora do Serviço de Águas e Resíduos (ERSAR). Ou seja, perde-se fisicamente cerca de um quarto dos 820 milhões de m3 de água captados para consumo humano no país, o que, segundo as contas de Jaime Melo Baptista, ex-presidente da ERSAR e atual presidente do Lisbon International Center for Water, daria para “abastecer mais de dois milhões de habitantes” no melhor dos cenários em que nada se perdesse. Isto porque o especialista em recursos hídricos diz ser “utópico pensar em perdas zero em qualquer sistema e em qualquer parte do mundo, por melhor que seja a gestão”; pensando numa meta real, com 15% de perdas (123 milhões de m3/ano), a poupança “poderia abastecer 865 mil habitantes”. De fora destas contas estão os 35% de perdas na agricultura, que consome 70% dos seis mil milhões de metros cúbicos de água captados em Portugal.

As contas partem do princípio de que cada português consome 186 litros de água por dia, acima da meta desejável de 120 l/habitante/dia. É preciso todos sermos mais eficientes nos gastos de água, a começar pelos sistemas de abastecimento.