26 agosto 2022 23:59

Na Rua do Benformoso, em Lisboa, o SEF identificou mais de 10 mil atestados de residência concentrados numa dúzia de prédios. Só uma minoria dos imigrantes mora naquela artéria, dominada por asiáticos
Esquema. Em Lisboa, há prédios de três, quatro andares com 1400 residentes atestados pelas Juntas de Arroios, Penha de França e Santa Maria Maior, mas nem um décimo lá cabe e quase nenhum lá vive. SEF identificou casos também no Porto, Setúbal e Braga
26 agosto 2022 23:59
São apenas 400 metros de rua de uma ponta à outra, entre o Martim Moniz e o Largo do Intendente, ladeada de prédios estreitos e não mais altos do que um terceiro ou quarto andar. Há alguns fechados pela degradação, que vomita reboco e telhas para os passeios, e outros tantos em recuperação para imóveis de luxo e hostels turísticos, que a zona é localização premium. Os r/c são todos comerciais: restaurantes asiáticos, barbeiros a €5 o corte, agências de viagens para o Oriente, lojas de câmbios e transferências, minimercados étnicos, armazéns de revenda, bazares de bugigangas e talhos halal, propriedade de nepaleses, paquistaneses, indianos e bengalis, e de uns poucos portugueses que ali resistem de tempos mais marginais.
Vive-se uma outra Lisboa no Benformoso, sem a perda populacional das artérias vizinhas, sempre cheia de gente, com muitos homens e raras mulheres, sentados nos passeios e soleira das portas, a conversar na estrada ou a assomar nas janelas escancaradas das casas. Mas por mais mestria e despudor que se tenha no tetris humano da sobrelotação habitacional em que vivem tantos imigrantes, com o espaço alugado limitado a um colchão de beliche, não se consegue enfiar mais de 10 mil pessoas em simultâneo numa dúzia de edifícios pequenos.
Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.