Sociedade

65 voos cancelados em Lisboa, centenas na Europa e milhares nos EUA

65 voos cancelados em Lisboa, centenas na Europa e milhares nos EUA
PEDRO NUNES

Os constrangimentos em vários aeroportos europeus e greves em companhias aéreas como a Ryanair provocaram o caos em diversos aeroportos

65 voos cancelados em Lisboa, centenas na Europa e milhares nos EUA

Eunice Lourenço

Editora de Política

Terão sido, pelo menos, 65 os voos cancelados este sábado com destino e origem no aeroporto de Lisboa. Os números são da ANA, num comunicado enviado à Lusa. Durante a tarde os cancelamentos aumentaram de 32 para 65. Mas a situação repete-se, com doses ainda maiores de cancelados, um pouco por todo o mundo com 600 voos cancelados nos EUA e centenas em Madrid e Paris.

“Devido a um conjunto de constrangimentos em vários aeroportos europeus, estão previstos, para o dia de hoje, 65 voos cancelados – 40 chegadas e 25 partidas”, informou a ANA. Neste âmbito, “o aeroporto de Lisboa implementou medidas para apoiar as companhias aéreas, nomeadamente a instalação de balcões móveis suplementares para reagendamento de voos”, afirma a empresa concessionária dos aeroportos, indicando que foram também reforçadas as equipas de apoio aos passageiros e distribuição de águas.

“Aconselhamos os passageiros com voo marcado a contactarem as companhias aéreas”, indicou a ANA. Em causa estão, segundo informações recolhidas no referido ‘site’, voos com destino várias cidades europeias, mas também a Filadélfia, Acra, Dakar, Porto Santo e Varadero.

Do lado das chegadas há também indicação de cancelamento de vários voos que estavam previstos aterrar em Lisboa durante a manhã, provenientes de origens tão variadas quanto Tanger, Porto, Sal, Bratislava, Madrid, Paris, Milão, Frankfurt, Roma, Recife ou Casablanca. Na maioria destas situações estão em causa voos da TAP, de acordo com os mesmos dados.

O aeroporto do Porto, por outro lado, registou até ao momento o cancelamento de uma partida com destino a Amesterdão e de duas chegadas.

Os cancelamentos de voos aliados ao aumento da procura têm gerado a criação de longas filas nos aeroportos, com muitos passageiros a queixarem-se das horas perdidas à espera da bagagem e a reportarem o facto de apenas conseguirem recuperar as malas dias depois de terem chegado.

Greves na Europa

Na Europa, os atrasos e cancelamentos são provocados sobretudo por greves, seja de funcionários de aeroportos, seja de companhias aéreas. Em Paris, a greve de trabalhadores cancelou dezenas de voos esta manhã no aeroporto de Paris Charles de Gaulle (CDG), enquanto em Madrid 15 voos foram cancelados e outros 175 sofreram atrasos devido a greves na EasyJet e Ryanair.

No principal aeroporto da capital francesa, o conflito está relacionado com os salários e condições de trabalho e pode afetar o arranque das férias daqui a uma semana. Os bombeiros do Paris CDG estão em greve desde quinta-feira, o que obrigou a Direção Geral da Aviação Civil (DGAC) a pedir a suspensão preventiva de voos e a encerrar parte das pistas, por questões de segurança.

Os funcionários dos Aeroportos de Paris (ADP), grupo controlado maioritariamente pelo Estado, e os subcontratados associaram-se ao movimento de contestação social intersindical, de acordo com a direção. Os cancelamentos afetaram um voo em cada cinco entre as 7h00 e as 14h00 de hoje nas chegadas e partidas do Paris CDG, contra um voo em cada seis na quinta-feira e na sexta-feira. Isto representa 150 voos suprimidos em 1.300, de acordo com um porta-voz do grupo ADP.

O outro grande aeroporto de Paris, Orly, não foi afetado pela greve. As negociações salariais não foram concluídas na sexta-feira e a mesa negocial permanece aberta, disse o porta-voz do ADP.

Os bombeiros levantaram, entretanto, o pré-aviso de greve para o resto do fim de semana, o que para a DGAC e a ADP permite antever um domingo sem perturbações. Por outro lado, apresentaram outro pré-aviso de greve que se prolonga desde as 5h de 8 de julho, sexta-feira, até à meia-noite de domingo, 10 de julho, o primeiro fim de semana das férias grandes escolares.

Em Madrid, pelas 13h locais, cinco voos da companhia de baixo custo EasyJet e 10 voos da também ‘low cost’ Ryanair tinham sido cancelados e 175 outros sofreram atrasos, dos quais 52 da easyJet e 123 da Ryanair, segundo números avançados pelos sindicatos em comunicado.

Na Ryanair, os representantes do sindicato espanhol USO já anunciaram três novos períodos de greve, de quatro dias cada: de 12 a 15 de julho; de 18 a 21 de julho; e de 25 a 28 de julho, nos 10 aeroportos espanhóis onde a companhia irlandesa opera. A greve na Ryanair pretende obter melhores condições de trabalho para os 1.900 assistentes de cabine da companhia em Espanha. Já o pessoal de cabine da easyJet reivindica um alinhamento das suas condições de trabalho com as dos seus colegas no resto da Europa.

Feriado e férias nos EUA

Os EUA estão em fim-de-semana alargado, com o feriado de 4 de julho e início de férias, pelo que este sábado foram cancelados 600 voos até meio do dia. Os dados constam do 'site' flightaware.com e estão a ser citados pela agência AFP.

A situação foi ainda pior na sexta-feira, segundo o mesmo 'site' especializado, que na sexta-feira registou cerca de 3.060 voos cancelados e quase 8.000 atrasos.

Esta situação está associada a uma redução de pessoal em cerca de 15% nas companhias aéreas dos Estados Unidos face ao período anterior à pandemia de covid-19.

As empresas do setor dizem estar a trabalhar para resolver o problema, intensificando as campanhas de recrutamento de pilotos e de outras categorias de pessoal e reduzindo o número de lugares disponíveis para os passageiros.

Os funcionários das companhias aéreas mencionam outros fatores externos agravantes, em particular climáticos ou devido à covid-19.

Numa publicação na rede social Twitter, o secretário dos Transportes dos Estados Unidos, Pete Buttigieg, lembrou este sábado os passageiros de que estes têm direito a um reembolso em caso de cancelamento do voo.

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