Exclusivo

Sociedade

O fundador da Prozis foi “infeliz” e “ofendeu os portugueses”: Miguel Milhão, que diz ser “incancelável”, está a ser boicotado

Miguel Milhão, fundador da Prozis, no podcast interno da empresa "Conversas do Karalho"
Miguel Milhão, fundador da Prozis, no podcast interno da empresa "Conversas do Karalho"
YouTube
Uma publicação anti-aborto evoluiu para uma cultura de cancelamento à Prozis. O fundador da empresa, Miguel Milhão, celebrou a decisão “Roe vs. Wade” do Supremo Tribunal norte-americano no LinkedIn e depois usou o podcast interno da empresa para reagir à polémica: “Não preciso de Portugal”, “É impossível cancelarem-me”. As críticas dirigidas ao empresário aumentaram e, como resultado, a marca está a sofrer repercussões — os especialistas ouvidos pelo Expresso consideram um erro que tenha usado uma plataforma institucional, e não pessoal, para reagir. Entretanto, em comunicado, a Prozis diz estar “solidária” e pede “respeito pela pluralidade de opiniões”
O fundador da Prozis foi “infeliz” e “ofendeu os portugueses”: Miguel Milhão, que diz ser “incancelável”, está a ser boicotado

Mara Tribuna

Jornalista

A polémica começou com uma publicação no LinkedIn, entretanto apagada. “Parece que os bebés que ainda não nasceram têm os seus direitos de volta nos Estados Unidos. A natureza está a recuperar”, escreveu o fundador da Prozis após o Supremo Tribunal dos EUA ter revertido a decisão que protegia o direito ao aborto no país, conhecida como “Roe vs. Wade”. Seguiu-se uma enchente de críticas nas redes sociais dirigidas a Miguel Milhão e o início da cancel culture à Prozis, com várias influencers a anunciarem o fim da parceria com a marca de nutrição desportiva, depois das declarações anti-aborto do fundador da empresa.

“Em Portugal, o facto de o aborto estar legislado influencia substancialmente a polémica”, começa por dizer Inês Amaral, investigadora no Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho. “Cá existe um tipo de posicionamento diferente do norte-americano: não há a dicotomia vincada de ‘pro life’ ou ‘pro choice’”, continua. A sensibilização e consciencialização. na sociedade portuguesa. sobre a interrupção voluntária da gravidez e os direitos reprodutivos das mulheres “faz com que as declarações de Miguel Milhão surjam como algo absurdo” para as pessoas que não se reveem nestes valores.

Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mtribuna@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate