A polémica começou com uma publicação no LinkedIn, entretanto apagada. “Parece que os bebés que ainda não nasceram têm os seus direitos de volta nos Estados Unidos. A natureza está a recuperar”, escreveu o fundador da Prozis após o Supremo Tribunal dos EUA ter revertido a decisão que protegia o direito ao aborto no país, conhecida como “Roe vs. Wade”. Seguiu-se uma enchente de críticas nas redes sociais dirigidas a Miguel Milhão e o início da cancel culture à Prozis, com várias influencers a anunciarem o fim da parceria com a marca de nutrição desportiva, depois das declarações anti-aborto do fundador da empresa.
“Em Portugal, o facto de o aborto estar legislado influencia substancialmente a polémica”, começa por dizer Inês Amaral, investigadora no Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho. “Cá existe um tipo de posicionamento diferente do norte-americano: não há a dicotomia vincada de ‘pro life’ ou ‘pro choice’”, continua. A sensibilização e consciencialização. na sociedade portuguesa. sobre a interrupção voluntária da gravidez e os direitos reprodutivos das mulheres “faz com que as declarações de Miguel Milhão surjam como algo absurdo” para as pessoas que não se reveem nestes valores.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mtribuna@expresso.impresa.pt