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Monica Verbeek: “Avançar para a mineração do mar profundo é repetir os mesmos erros do século passado”

Monica Verbeek, diretora executiva da orgganização Seas At Risk
Monica Verbeek, diretora executiva da orgganização Seas At Risk
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Doutorada em biologia, Monica Verbeek, há muito que se dedica à defesa dos oceanos e por isso está atenta ao que se vai passar na Conferência dos Oceanos da ONU, que arranca segunda-feira, em Lisboa. A presidente-executiva da Seas At Risk – uma associação europeia de organizações não governamentais dedicadas à proteção do ambiente marinho – não tem muitas expectativas quanto a ver grandes resoluções tomadas na Declaração de Lisboa. Porém, espera que “novos impulsos sejam dados no bom sentido para resolver os problemas dos oceanos”. Em entrevista ao Expresso deixa alguns recados, entre os quais a esperança de que “se garanta uma moratória para travar a mineração do mar profundo, pelo menos até final desta década”

Monica Verbeek: “Avançar para a mineração do mar profundo é repetir os mesmos erros do século passado”

Carla Tomás

Jornalista

O que espera desta Conferência da ONU dedicada aos Oceanos?
Do que vi do draft da declaração, não serão tomadas grandes decisões. Não tenho esperança que esta conferência faça grande diferença, mas espero que dê um empurrão na agenda dos oceanos. A ideia é dar um impulso ao Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 14 (ODS14) e colocar a preservação dos oceanos num lugar cimeiro da agenda internacional, de modo a que sejam alcançados compromissos individuais pelo diferentes países para melhorar o ambiente do oceano. A ideia é mostrar ao mundo que há passos a serem dados. Para Portugal, como coanfitrião, esta é também uma oportunidade de mostrar que aposta fortemente na Economia Azul de forma sustentável e que está comprometido com uma moratória em relação à mineração no mar profundo.

Acredita que esse compromisso de moratória venha a constar da declaração final de Lisboa?
Não, não acredito que surja na declaração final de Lisboa. Mas espero que Portugal faça declarações sobre o seu papel no mundo da governança global dos oceanos e que se mostre comprometido em aprovar uma moratória sobre a mineração do mar profundo em águas nacionais e internacionais. Há países a posicionarem-se para empurrarem a Autoridade Internacional para o Fundo Marinho (que tem de melhorar a sua atuação) a aprovar uma moratória para travar a mineração do mar profundo até final desta década, ou enquanto não se tiver a certeza de que este tipo de atividade extrativa não afeta a biodiversidade.

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