Diplomata do Vaticano pede em Fátima "diálogo e negociação" para uma "paz estável"
Arcebispo que preside às celebrações do 13 de maio salientou importância de estar em Fátima num momento em que o mundo está "ferido e dilacerado pela falta de paz"
Arcebispo que preside às celebrações do 13 de maio salientou importância de estar em Fátima num momento em que o mundo está "ferido e dilacerado pela falta de paz"
O 13 de maio deste ano está a ser marcado não apenas por ser o regresso a Fátima sem restrições, mas sobretudo pela Guerra na Ucrânia, uma vez que a peregrinação é presidida pelo arcebispo Edgar Peña Parra, número dois da Secretaria de Estado do Vaticano, Depois de na homília da noite de terça ter condenado a "violência bárbara", na missa desta sexta-feira fez um apelo ao diálogo como única forma de chegar à paz duradoura.
Com os olhos postos na situação que se vive na Ucrânia, o prelado exortou os peregrinos a pensarem “como seria importante escutar as razões do outro e dar prioridade ao diálogo e à negociação, os únicos caminhos para uma paz estável e duradoura, em vez de empreender ações inspiradas pela busca gananciosa e apressada dos próprios interesses”.
Na homilia da missa da peregrinação de 13 de maio ao Santuário de Fátima, e perante muitos milhares de crentes, o arcebispo Edgar Peña Parra disse que “a escuta, feita de silêncio que abre o coração, ajuda a acalmar ressentimentos e rancores e reencontrar o caminho da paz”.Presidindo à primeira grande peregrinação aniversária ao santuário após o levantamento das restrições provocadas por dois anos de pandemia, o diplomata do Vaticano sublinhou o significado de estar em Fátima neste 13 de maio, que remete para uma resposta à chamada “à oração, a depositar no Imaculado Coração o (…) mundo ferido e dilacerado pela falta da paz”.
Edgar Peña Parra apelou aos fiéis que, nestes tempos conturbados que o mundo atravessa, se entreguem a Deus, pois “abraçados ao Senhor, nada há que temer!”. “Mesmo nestes tempos difíceis, marcados pelo flagelo da guerra e pelo vírus da pandemia, alegrai-vos: não no mundo, mas no Senhor, porque Ele é fiel às suas promessas”, afirmou o arcebispo, acrescentando que na “obra de renovação da Igreja e do mundo, Fátima ocupa um lugar de destaque”.
Depois, recordou a renovação da “consagração da Igreja e da humanidade ao Imaculado Coração de Maria”, feita pelo papa Francisco no dia 25 de março, tendo o foco dirigido particularmente à Ucrânia e à Rússia e à guerra no Leste da Europa. “Nossa Senhora traz a paz”, afirmou.
A ocasião foi ainda aproveitada para apelar ao acolhimento da “Palavra divina”. Para o arcebispo venezuelano, “mais feliz do que a pessoa que nutre um corpo, é quem dá corpo à Palavra, pondo-a em prática. Há um vínculo novo, superior ao da carne e do sangue: é o vínculo da fé”.
Jesus “declara felizes todos os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”, disse Edgar Peña Parra, destacando a importância da “escuta”, que não é apenas “um gesto”, mas antes “um comportamento de base, algo essencial e prioritário na vida cristã”.
“Pensemos também como está desvalorizada a escuta na família, no trabalho, na vida quotidiana: dizemos e amplificamos muitas palavras, movidos pela pressa de dizer ou fazer sempre qualquer coisa, esquecendo de nos dessedentarmos com calma na fonte da vida e da paz, que é o Senhor, e dedicarmos tempo às relações mais importantes, que se preservam primariamente acolhendo o outro, as suas palavras, o seu olhar”, afirmou o presidente da celebração eucarística.
Partindo do exemplo de Maria, que “não se limita a uma escolha acolhedora, mas torna-se vida prática”, o arcebispo lamentou que hoje as pessoas tenham “a tentação de gerir tudo, incluindo a fé, segundo as emoções instáveis do momento”.
O diplomata da Santa Sé apelou ainda à evangelização, aproveitando a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que decorrerá em Lisboa em 2023 e que tem como tema “Maria levantou-Se e partiu apressadamente”.
“Queridos peregrinos de Fátima, levantemo-nos e partamos apressadamente ao encontro de quantos nos rodeiam: sonhemos com eles e, com a ajuda de Deus, não nos cansemos de construir uma Igreja com rosto jovem e belo”, concluiu o arcebispo Peña Parra, que deixou ainda uma referência aos 40 anos cumpridos sobre a primeira deslocação do papa João Paulo II - "o papa que convidou o mundo a não ter medo e a abrir o seu coração a Cristo" - à Cova da Iria.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt