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As máscaras anti-covid reduziram a imunidade das crianças (e os casos de hepatite podem ser reflexo disso)

Crianças e jovens são os mais prejudicados pela proteção sanitária durante os dois anos da pandemia. Sintomas severos de gripe ou hepatite viral desconhecida podem ser efeitos adversos da utilização prolongada de máscara. Investigadores admitem que sim, mas querem mais dados
Crianças e jovens são os mais prejudicados pela proteção sanitária durante os dois anos da pandemia. Sintomas severos de gripe ou hepatite viral desconhecida podem ser efeitos adversos da utilização prolongada de máscara. Investigadores admitem que sim, mas querem mais dados

Sistema imunitário aprende com a exposição a agressores. Proteção durante a pandemia reduziu as defesas e pode explicar a gripe exuberante nos jovens ou a hepatite incógnita nas crianças. Eis o novo enigma que a ciência tenta resolver

Todos os dias, as defesas do organismo humano contactam com os micro-organismos em redor, aprendendo como reagir em encontros futuros, sejam ou não agressivos. A emergência de um novo vírus impôs uma ‘limpeza’ de germes para o bloquear, interrompendo a construção contínua da memória imunológica. A máscara e a desinfeção das mãos foram os meios usados. Passaram-se dois anos desde o início da pandemia. Terá sido tempo suficiente para nos enfraquecer contra agressores que já eram amigáveis? Foi por isso que adolescentes tiveram gripe forte e há crian­ças com hepatite inexplicável? É cedo para saber, responde a ciência.

“O nosso sistema defensivo vai-se atua­lizando por contacto com partículas e micro-organismos do meio ambiente. Muitos destes agentes não são uma amea­ça e acabam por ser úteis como ‘escola’. Por vezes, encontramos micro-organismos causadores de doença, mas, mesmo esses, deixam alguma ‘aprendizagem’. O ditado ‘o que não nos mata deixa-nos mais fortes’ tem sentido aqui”, explica Miguel Castanho, investigador do Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Faculdade de Medicina de Lisboa. “O uso de máscara é uma solução de recurso, para fazer face a micro-organismos que constituem ameaça mortal através do sistema respiratório”, acrescenta o bioquímico.

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