O tempo de ecrã aumentou substancialmente durante a pandemia. Nos confinamentos, eram os próprios pais a promover que os filhos estivessem agarrados ao ecrã para conseguirem trabalhar. Como é que se reverte isso agora?
Em primeiro lugar, os pais são modelos. Os filhos aprendem mais por aquilo que veem do que por aquilo que os pais lhes dizem. E o problema é que há muitos pais que estão agarrados ao ecrã do telemóvel 24 horas por dia. Por isso, os pais têm de ser os primeiros a mudar os comportamentos. Depois, é preciso conversar com as crianças porque não se pode agora mudar as regras de um momento para o outro e sem explicar porquê. Neste momento temos um uso excessivo de ecrãs e é preciso, na medida do possível, chegar a um acordo com os miúdos. Muitas vezes os pais cometem o erro de querer passar do 8 para o 80, mas é preciso ir por etapas. Imaginemos uma criança que está cinco horas por dia no ecrã e os pais querem que passe para um máximo de duas. Deve passar progressivamente de 5 para 4, de 4 para 3 e ir fazendo aproximações sucessivas. O ideal é estabelecer esse compromisso, evitando que os pais adotem um estilo mais autoritário do tipo “é assim porque eu é que mando”, que muitas vezes leva os miúdos à zanga, à revolta e a esquemas de mentira: miúdos que os pais acham que estão a dormir e que, na verdade, estão com o telemóvel quase sem luz debaixo do lençol a jogar. Por outro lado, é preciso que os pais tenham disponibilidade e saibam aliciar os filhos para outro tipo de atividades. Porque, na realidade, os ecrãs também são muitas vezes confortáveis para os pais. É preciso disponibilidade para ir para o quintal jogar à bola com o filho ou andar de bicicleta ou fazer um jogo de tabuleiro ou outras atividades que possam ser feitas em conjunto.
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