“Envergonham a etnia cigana”, disse a juíza em tribunal. Agora, é acusada de discriminação

Sara Pina Cabral criticou atos dos arguidos em tribunal. Ao Expresso, diz que se “houver processo”, se defenderá
Sara Pina Cabral criticou atos dos arguidos em tribunal. Ao Expresso, diz que se “houver processo”, se defenderá
Jornalista
Durante a leitura do acórdão de um caso de agressões graves de que foram vítimas três funcionários de um restaurante em Odivelas, a juíza dirigiu-se aos arguidos que aguardavam de pé a decisão do tribunal e sentenciou: “Estes factos assumem uma gravidade extrema, são inadmissíveis e uma vergonha para a etnia cigana.” Os oito acusados engoliram em seco. Não só por perceberem que seriam condenados a penas de prisão efetiva mas principalmente porque receberam a referência à sua etnia como um insulto — na verdade, um deles é branco e casado com uma mulher cigana. “Estavam familiares dos arguidos na assistência, e aquela referência desnecessária caiu mal a todos”, nota Aníbal Pinto, advogado de quatro dos acusados, que ficou “perplexo” com a declaração da magistrada.
A juíza Sara Pina Cabral continuou: “[Os factos] são aquilo que dá razão a todos quantos dizem, e há bastantes que dizem, coisas de cariz discriminatório. São de facto um belíssimo contributo para essas teses e envergonham os outros que não têm esse comportamento.”
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