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Fuzileiros contradizem PSP: agiram em “legítima defesa” contra um grupo “que lhes fez uma espera” e negam ter pontapeado o agente que morreu

Os dois fuzileiros que terão estado envolvidos nas agressões ao agente da PSP que morreu na sequência de lesões cerebrais já contaram a sua versão dos factos aos responsáveis da Marinha: agiram para se defender e não deram pontapés a Fábio Guerra

Fuzileiros contradizem PSP: agiram em “legítima defesa” contra um grupo “que lhes fez uma espera” e negam ter pontapeado o agente que morreu

Rui Gustavo

Jornalista

Os dois fuzileiros que se apresentaram na Base do Alfeite depois de terem admitido ter participado nas agressões que custaram a vida ao agente da PSP Fábio Guerra, já apresentaram a sua versão dos factos ao responsável que os ouviu no âmbito de um processo de averiguações.

À Marinha, disseram que agiram em “legítima defesa” contra um grupo que lhes fez uma “espera” à porta da Discoteca Mome, em Lisboa. E desse grupo faziam parte os quatro polícias que acabaram por ser agredidos. Apontaram ainda o dedo a um terceiro elemento, um civil, como autor dos pontapés que terão provocado as “graves lesões cerebrais” que mataram o agente Guerra, de 27 anos.

Este terceiro elemento já terá sido identificado pela PJ, mas ainda não foi detido.

Esta versão é oposta à que a PSP comunicou através do Gabinete de Imprensa da Direção Nacional e que refere que os agentes intervieram para pôr fim a uma desordem tendo sido “violentamente agredidos”.

Os fuzileiros terão entrado em contacto com o comandante direto para assumir terem participado nas agressões e receberam ordens para se apresentarem na Base do Alfeite. Ficaram retidos e estão “disponíveis” para prestar declarações às autoridades civis. Uma fonte da Marinha referiu que, até ao início da tarde hoje, os dois suspeitos não foram contactados pela polícia ou pelo Ministério Público.

As agressões aos quatro agentes da PSP por um grupo de cerca de quatro a cinco homens, todos já identificados, entre os quais os dois fuzileiros, aconteceram pelas 6h30 da manhã, de sábado.

Segundo a PSP, os quatro polícias fora de serviço terão tentado “colocar termo a agressões em curso”, no exterior de uma discoteca, versão que choca com a dos suspeitos.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa já reagiu à morte do agente: “Ao tomar conhecimento do falecimento prematuro do agente Fábio Guerra, o Presidente da República manifestou a sua tristeza e pesar pela perda de uma vida em circunstâncias tão trágicas.”

A PSP fez hoje um minuto de silêncio em memória do agente morto a quem elogiou a “coragem”: “O Agente Fábio Guerra honrou, até às últimas consequências, a sua condição policial e o seu juramento de ‘dar a vida, se preciso for’, num gesto extremo de generosidade e sentido de missão. Disso nunca nos esqueceremos.”

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