
Um inspetor financeiro nas Ilhas Virgens Britânicas estava no caminho certo quando abriu uma investigação à misteriosa Zyrcan, quatro anos antes do colapso do Grupo Espírito Santo
Um inspetor financeiro nas Ilhas Virgens Britânicas estava no caminho certo quando abriu uma investigação à misteriosa Zyrcan, quatro anos antes do colapso do Grupo Espírito Santo
Grande repórter
Em julho de 2010, três dias depois de Ricardo Salgado inaugurar o Banco Espírito Santo (BES) em Cabo Verde, e quando ainda havia uma aura de sucesso e seriedade à volta dos seus negócios, um grande e grave segredo parecia estar prestes a ser revelado. Um inspetor da Agência de Investigação Financeira (FIA) das Ilhas Virgens Britânicas (BVI) enviava uma notificação confidencial aos advogados da Aleman, Cordero, Galindo & Lee (Alcogal) a exigir um conjunto de elementos sobre uma companhia offshore que podia ser muito comprometedora para o Grupo Espírito Santo (GES), a Zyrcan Hartan Corporation.
De acordo com documentos dos Pandora Papers — um projeto coordenado pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) com base numa fuga de informação de mais de 11,9 milhões de ficheiros e que tem o Expresso como um dos seus parceiros —, esses elementos foram fornecidos pela Alcogal às autoridades financeiras das Ilhas Virgens Britânicas, mas não passou de um susto. Apesar dos contornos suspeitos encontrados, a investigação ficou por ali e isso não foi, assim, suficiente para travar o buraco que já estava a ser escavado nos bastidores do BES.
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