A ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, congratula-se pela detenção de João Rendeiro, que estava fugido desde setembro, elogiando a atuação da Polícia Judiciária nesta operação.
"A PJ mostrou uma grande proficiência, cumprindo exemplarmente a sua missão", afirmou ao Expresso Francisca Van Dunem, recusando fazer comentários sobre o processo judicial que se seguirá, e que espera que "possa agora prosseguir o seu curso nos tribunais".
O ex-presidenre do BPP foi detido por volta das 7h00 deste sábado pelas autoridades sul-africanas, a pedido da polícia portuguesa, numa operação relâmpago que o apanhou de surpresa quando estava hospedado no Forest Manor Boutique Guesthouse, um hotel de cinco estrelas nas imediações da cidade de Durban.
O ex-banqueiro encontrava-se de pijama e foi surpreendido pela entrada das autoridades no quarto, mas não opôs qualquer resistência.
A Polícia Judiciária (PJ), que não esteve no terreno, acompanhou à distância a operação, que estava a ser concertada desde o final de novembro entre as autoridades dos dois países.
Segundo revelou esta manhã em conferência de imprensa o diretor nacional da PJ, Luís Neves, o ex-banqueiro entrou na África do Sul a 18 de setembro, quatro dias depois de sair do Reino Unido, para onde tinha viajado de férias, com conhecimento e autorização da justiça portuguesa.
De acordo com o responsável, João Rendeiro, condenado em três processos relacionados com o colapso do BPP, esteve desde aí escondido na zona mais rica de Joanesburgo, em hotéis de cinco estrelas, tendo passado igualmente por várias outras cidades, de forma a dificultar a localização do seu paradeiro. Acabou por ser detido esta madrugada em Durban.
A Polícia Judiciária já sabia que João Rendeiro estava escondido na África do Sul quando o ex-banqueiro deu uma entrevista à CNN Portugal a 22 de novembro a garantir que só voltaria a Portugal se fosse indultado pelo Presidente da República. A localização era conhecida da polícia portuguesa mesmo antes de a mulher de Rendeiro dizer ao tribunal, no início do mês passado, que o marido estaria na África do Sul.
Os responsáveis máximos das polícias dos dois países reuniram-se logo na semana de 20 a 24 de novembro para preparar esta operação.
Rendeiro saiu do BPP em 2008, por afastamento determinado pelo Banco de Portugal, e nos anos seguintes começou a ser alvo de acusações judiciais e dos supervisores, tendo sido condenado a penas de 10, 5 e 3 anos e meio de prisão por crimes de burla qualificada e falsificação.
Findos todos os recursos, uma das penas, de 5 anos, transitou em julgado, mas o ex-banqueiro conseguiu fugir em setembro antes de ser detido para cumprir pena. Na altura, quando estava apenas com Termo de Identidade e Residência, informou a justiça portuguesa que iria passar uns dias de férias em Londres e aproveitou a oportunidade para fugir de Inglaterra e anunciar que não voltaria a Portugal.
João Rendeiro está agora detido numa esquadra da polícia de Durban e será presente ao juiz na segunda-feira para determinar as medidas que se seguem. África do Sul não tem acordo de extradição com Portugal, mas existem acordos de cooperação penal entre os dois países que, segundo Luís Neves, permitirão que Rendeiro seja extraditado para cumprir pena.
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