O juiz de instrução Carlos Alexandre recusa a tese da conspiração entre os comandos ou de qualquer outra das forças militares portuguesas integradas na missão internacional da ONU na República Centro-Africana no tráfico de diamantes. “Não vislumbramos um quadro de conspurcação” no seio das tropas portuguesas, salienta o magistrado do Tribunal Central de Instrução Criminal no despacho que determinou as medidas de coação sobre os detidos no âmbito da operação Miríade citado pelo "Diário de Notícias" e a que o Expresso também teve acesso.
No documento, Carlos Alexandre destaca que alguns elementos integrantes das forças militares de uma missão internacional sob a égide da ONU “manteriam contactos com elementos da comunidade local que se dedicavam a comercialização de diamantes e ouro envolvendo interpretes ao serviço das ditas FND que pela agilização desses procedimentos de entrega de pedras preciosas/ouro entregariam em contrapartida dinheiro e uma comissão ao alegado intérprete surgiu no seio da instituição militar que reportou, imediatamente, a existência de comportamentos não totalmente esclarecidos à hierarquia que os remeteu à Policia Judiciária Militar e esta ao MP”.
O juiz verificou ainda que no decurso da investigação, que ainda não terminou, que “não se tratava de duas ou três situações isolados 'pedaços de vida' de um ou dois militares, que entretanto já haviam regressado a Portugal”, tendo estes suspeitos recorrido “a outros cidadãos até militares, que até inclui oficiais das Forças Armadas Portuguesas, alguns dos mencionados no despacho autorizativos de buscas e agora no despacho de apresentação, foram até constituídos arguidos não sendo detidos, mas convidados a deslocar-se à Polícia Judiciária, onde foram interrogados”.
A alegada rede de tráfico de diamantes, ouro e droga seria liderada pelo ex-comando Paulo Nazaré, que ficou em prisão preventiva. O caso tem no total 66 arguidos. Em causa estão suspeitas de acordo com o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, “uma alegada rede criminosa, com ligações internacionais, que se dedica a obter proveitos ilícitos através de contrabando de diamantes e ouro, tráfico de estupefacientes, contrafação e passagem de moeda falsa, acessos ilegítimos e burlas informáticas, tendo por objetivo o branqueamento decapitais”.
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