Sociedade

Buscas “não atingem minimamente prestígio das Forças Armadas”, diz Marcelo. “Pelo contrário”

Buscas “não atingem minimamente prestígio das Forças Armadas”, diz Marcelo. “Pelo contrário”
Pedro Nunes

A Polícia Judiciária está a realizar buscas no Regimento de Comandos e noutras instalações militares em cerca de 100 locais em todo o país. Em causa estão suspeitas de tráfico de diamantes, ouro e droga em missões militares em países como a República Centro-Africana

Buscas “não atingem minimamente prestígio das Forças Armadas”, diz Marcelo. “Pelo contrário”

Hélder Gomes

Jornalista

Buscas “não atingem minimamente prestígio das Forças Armadas”, diz Marcelo. “Pelo contrário”

Hugo Franco

Jornalista

Marcelo Rebelo de Sousa considera que a investigação ao alegado tráfico de diamantes, ouro e droga por militares portugueses em missões externas “não atinge minimamente o prestígio das Forças Armadas”. “Pelo contrário”, sustentou o Presidente da República, em declarações à RTP em Cabo Verde: o facto de as Forças Armadas investigarem “casos isolados que possam ter ocorrido” e de terem tomado “essa iniciativa” “só as prestigia em termos internacionais”.

Desta vez, o comandante supremo das Forças Armadas abriu uma exceção, uma vez que “normalmente, em território estrangeiro”, não faz comentários sobre a situação portuguesa. “Mas aqui é uma situação de projeção internacional, de prestígio das Forças Armadas, nomeadamente numa intervenção neste continente, o continente africano”, justificou.

A Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária (PJ) está a realizar buscas esta segunda-feira no Regimento de Comandos e noutras instalações militares em cerca de 100 locais em todo o país, nomeadamente em Lisboa, Porto, Bragança e Vila Real, por suspeitas de tráfico de diamantes, ouro e droga em missões militares em países como a República Centro-Africana. Trata-se da “Operação Miríade”, a maior operação da PJ deste ano, estando envolvidos 320 inspetores e peritos da PJ, cem mandados de buscas e dez mandados de detenção.

Marcelo lembrou que “logo que houve a denúncia”, no final de 2019, como revelou esta segunda-feira o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) em comunicado, “as Forças Armadas, elas próprias, através do EMGFA, em colaboração com o Estado-Maior do Exército, desencadearam as investigações”. Seguiram-se a Polícia Judiciária Militar e a PJ, que “passou a intervir e a ter um papel fundamental nas investigações ao longo de 2020 e 2021”.

“A ideia é levar as investigações o mais longe possível para apurar o que se passa, confirmar se são casos isolados, como à primeira vista há quem entenda que sejam”, disse ainda. Sendo casos isolados, estes “não afetam em termos de generalização e de prestígio das nossas Forças Armadas, que está incólume”. Um prestígio que o Presidente disse ser “exatamente o mesmo” que testemunhou em março de 2018, quando esteve na República Centro-Africana. Contudo, a denúncia é posterior à sua deslocação ao país, datando de dezembro de 2019.

Na avaliação de Marcelo, “as Forças Armadas fizeram o que deviam ter feito” e “as instituições de investigação policial estão a fazer o que deve ser feito”. Isso mesmo, assegurou, pôde verificar em contacto com os ministros da Defesa Nacional e dos Negócios Estrangeiros e com o EMGFA, que emitiu o comunicado. Questionado sobre se foi informado das investigações em curso, o Presidente atalhou, escusando-se a esclarecer: “Mesmo o comandante supremo das Forças Armadas não pode intervir naquilo que é uma investigação judicial.”

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