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Dados pessoais ou dinheiro roubado: “Squid Game converteu-se no novo sonho para o cibercrime”

Dados pessoais ou dinheiro roubado: “Squid Game converteu-se no novo sonho para o cibercrime”
Divulgação

Entre setembro e outubro deste ano, especialistas em cibersegurança detetaram “várias dezenas de arquivos maliciosos diferentes” na internet, cujos nomes mencionam a série “Squid Game”

A polémica série sul-coreana com maior audiência de sempre na Netflix, 111 milhões de espetadores, tem feito correr muita tinta pela violência que expõe no pequeno ecrã. E está inclusivamente a ser aproveitada por cibercriminosos, alerta em comunicado a multinacional russa de cibersegurança Karspersky — numa altura em que o cibercrime já custa mais à economia mundial do que o tráfico de droga.

“O ‘Squid Game’ converteu-se no novo sonho para o cibercrime, não há qualquer dúvida, e era só uma questão de tempo”, realça Anton Ivanov, especialista em segurança da Kaspersky. “Como em qualquer outro tema que esteja na moda, os hackers sabem bem o que vai funcionar e o que não vai. À medida que o ‘Squid Game’ se vai polarizando, observamos muitas páginas de phishing que oferecem a possibilidade de comprar roupas semelhantes às dos atores da série ou convidam os utilizadores a jogar um jogo online. Os utilizadores alvo acabam por perder os seus dados, o dinheiro e ter um malware instalado no seu dispositivo.”

Entre setembro e outubro de 2021, especialistas da empresa de cibersegurança detetaram “várias dezenas de arquivos maliciosos diferentes” na internet, cujos nomes mencionam a série “Squid Game”.

Na maioria dos casos, foram encontrados downloads de trojans capazes de instalar outros programas maliciosos. Mas não só. Um dos esquemas utilizados passa por mostrar à vítima uma falsa versão animada do primeiro jogo da série, lançando ao mesmo tempo – de forma invisível – trojans capazes de roubar dados dos utilizadores, enviando-os para o servidor do atacante. Paralelamente, é criado um acesso direto a uma das pastas, utilizadas para lançar trojans cada vez que se inicia o sistema.

Há ainda malwares que são lançados quando o utilizador tenta descarregar um episódio da série num site não oficial ou em portais que aparentem ser outras aplicações, jogos ou livros populares. Foram também encontradas páginas que propõem uma competição online do jogo, habilitando os jogadores a ganhar 100 BNB (moeda de Binance) – mas, na verdade, o jogador nunca chega a receber a recompensa e perde os seus dados ou tem um malware descarregado no computador.

SUSTOS DE HALLOWEEN NAS CONTAS BANCÁRIAS

No final de outubro, com o aproximar do Halloween, foram também identificadas “inúmeras lojas falsas” (disfarçadas de oficiais) relacionadas com a série que, na sua maioria, permitem comprar disfarces semelhantes àqueles que os jogadores utilizam na série.

“Ao comprar num destes sítios, os utilizadores arriscam-se a não receber o que encomendaram, podendo mesmo vir a perder o seu dinheiro”, garante a Kaspersky. “Adicionalmente, acabam por partilhar com os hackers a sua informação bancária e identificação pessoal, na medida em que, para efetuar a compra do suposto disfarce, tiveram que partilhar detalhes do cartão, dados pessoais, email, morada e nome completo.”

Neste contexto, Anton Ivanov recomenda que os utilizadores comprovem a autenticidade dos sites na internet quando procuram uma página destinada a assistir à série ou a comprar um produto relacionado, recorrendo apenas a páginas oficiais para o efeito. E alerta para a necessidade de se olhar para a extensão dos arquivos a descarregar: um vídeo nunca terá uma extensão .exe ou .msi.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mjbourbon@expresso.impresa.pt

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