Sociedade

Líder da missão do "Lusitânia Expresso" evoca contributo de Stahl para independência timorense

"A morte de Max Stahl deixa-nos particularmente tristes, enquanto amigos mas também enquanto companheiros de luta pela autodeterminação de Timor-Leste", escreveu Rui Marques na sua página de Facebook

O responsável da missão que, em 1992, tentou levar ativistas a Timor-Leste no 'ferryboat' "Lusitânia Expresso", Rui Marques, lamentou esta quarta-feira a morte do jornalista Max Stahl, evocando o seu "contributo" como "indissociável" da independência do país.

"A morte de Max Stahl deixa-nos particularmente tristes, enquanto amigos mas também enquanto companheiros de luta pela autodeterminação de Timor-Leste", escreveu Rui Marques na sua página de Facebook, pouco depois de ser conhecida a notícia da morte do jornalista britânico e timorense, vítima de doença prolongada.

O responsável da missão "Paz em Timor" sublinhou que "a independência de Timor é indissociável do contributo" de Max Stahl, que filmou o massacre de Santa Cruz, em Díli, em novembro de 1991.

"A sua coragem e ousadia quer na filmagem do massacre de 12 de novembro, quer nas filmagens do pós-referendo, em 1999, mostraram ao mundo o que estava a acontecer em Timor. Ele foi verdadeiramente a voz dos timorenses nesse tempo de trevas", considerou.

"Agora que se aproximam os 30 anos sobre Santa Cruz, será tempo de todos nós homenagearmos esta vida única, sempre capaz de lutar pelo que era justo, ainda que com perigo de vida, nos tempos da ocupação indonésia", sublinhou ainda Rui Marques.

Rui Marques liderou a missão que, em março de 1992, levou quase 150 pessoas, incluindo o ex-presidente português António Ramalho Eanes, a bordo do Lusitânia Expresso, com o objetivo de depositar flores no cemitério de Santa Cruz, em Díli, onde em novembro anterior mais de 200 pessoas tinham sido assassinadas pelas tropas indonésias, mas quatro navios da marinha de guerra indonésia impediram a viagem.

Condecorado com o Colar da Ordem da Liberdade, o mais alto galardão que pode ser dado a um cidadão pelo Estado timorense, Max Stahl viu ser-lhe atribuída a nacionalidade timorense.

Christopher Wenner, que começou a ser conhecido como Max Stahl, iniciou a sua ligação a Timor-Leste a 30 de agosto de 1991 quando, "disfarçado de turista", entrou no território para filmar um documentário para uma televisão independente inglesa.

Entrevistou vários líderes da resistência e, depois de sair por causa do visto, acabou por regressar, entrando por terra, acabando, a 12 de novembro desse ano por filmar o massacre de Santa Cruz.

Max Stahl estava na Austrália há algum tempo, para onde teve que viajar para tratamentos médicos.

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