Sociedade

IGAI instaura processos a mais dois polícias envolvidos nas agressões a Cláudia Simões

Cláudia Simões mostra os hematomas provocados pela agressão que diz ter sofrido por parte de um agente da PSP e o cabelo que lhe foi arrancado durante a detenção, junto à paragem de autocarros de uma das principais ruas da Amadora, onde vive
Cláudia Simões mostra os hematomas provocados pela agressão que diz ter sofrido por parte de um agente da PSP e o cabelo que lhe foi arrancado durante a detenção, junto à paragem de autocarros de uma das principais ruas da Amadora, onde vive
Ana Baião

Os agentes João Gouveia e Fernando Rodrigues são alvo de um processo disciplinar da IGAI depois de já terem sido acusados pelo Ministério Público de abuso de poder. Em causa está o facto de não terem denunciado as alegadas agressões do colega Carlos Canha

IGAI instaura processos a mais dois polícias envolvidos nas agressões a Cláudia Simões

Hugo Franco

Jornalista

IGAI instaura processos a mais dois polícias envolvidos nas agressões a Cláudia Simões

Rui Gustavo

Jornalista

A Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI) decidiu instaurar processos disciplinares a mais dois agentes da PSP envolvidos nas alegadas agressões a Cláudia Simões. Para além de Carlos Canha, o suposto autor das agressões e insultos racistas à mulher angolana, estão agora sob alçada disciplinar os agentes João Gouveia e Fernando Rodrigues, que não terão feito nada para evitar as agressões nem as denunciaram posteriormente.

Os três polícias já tinham sido acusados pelo Ministério Público que demorou 20 meses a concluir que Cláudia Simões foi agredida por Carlos Canha no carro patrulha que a levou à esquadra do Casal de São Brás, onde também foi agredida e que os agentes Gouveia e Rodrigues, que também seguiam na viatura e depois seguiram para a esquadra nada fizeram para o impedir.

A IGAI preferiu não esclarecer se os três agentes em causa foram suspensos ou se estão a desempenhar as funções normais de um polícia que já lhes estava atribuída.

A PSP também não respondeu diretamente à questão.

Segundo acusação do MP, depois de manietar e deter ilegalmente Cláudia Simões junto a uma paragem de autocarro na Amadora, o agente Canha enfiou a mulher num carro-patrulha e disparou vários insultos, agressões e ameaças: “Agora é que te vou mostrar, sua puta, sua preta do caralho, seu caralho, sua macaca”, gritava enquanto lhe desferia vários socos na cara.

Ainda de acordo com a acusação, quando a mulher se tentava proteger, baixando a cara para não ser atingida, o arguido Carlos Canha disse-lhe “estás a baixar a cara, caralho” e comentou com os colegas: “ainda por cima esta puta é rija”. À saída da viatura junto à esquadra o arguido Carlos Canha desferiu-lhe um pontapé que a atingiu na testa.”

Canha, que nem estava de serviço na noite dos acontecimentos, foi chamado pelo motorista do autocarro que lhe pediu ajuda depois de supostamente ter sido ameaçado por Cláudia Simões que viajava com uma filha que não tinha título de transporte. Esta suposta ameaça foi negada pelos outros passageiros e considerada falsa pelo MP. Mas foi isso que esteve na origem do pedido de identificação por parte do agente a Cláudia Simões, que se recusou tendo por isso sido imobilizada e, defende o MP, agredida com gravidade.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: HFranco@expresso.impresa.pt

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