O Facebook anunciou novas medidas para ajudar a combater as alterações climáticas, incluindo o investimento de um milhão de euros para criar um programa que ajude as organizações que lutam conta a desinformação relacionada com este fenómeno.
“Estamos a dar passos para garantir que as pessoas têm acesso a informação fidedigna, ao mesmo tempo que reduzimos a desinformação climática, mesmo que esta seja apenas uma pequena parte de todo o conteúdo sobre o clima nas nossas aplicações”, apontou a empresa tecnológica esta quinta-feira. O referido programa vai ser criado em parceria com a International Fact Checking Network, uma rede de fact checkers de todo o mundo.
Assim, a rede social vai expandir o Climate Science Center, uma página informativa do Facebook criada no ano passado e que já chegou a 16 países, tem mais de 3.8 milhões de seguidores e de 100 mil visitantes diários. Será adicionada informação relevante sobre fenómenos climáticos e ambientais (como incêndios florestais) e funcionalidades como jogos para os utilizadores testarem os seus conhecimentos sobre este tipo de problemas.
Além disso, a gigante tecnológica também anunciou que vai arrancar com uma série de vídeos para dar palco a jovens ativistas climáticos do Facebook e do Instagram. A iniciativa vai começar ao mesmo tempo que a Climate Week, de 20 a 26 de setembro, em Nova Iorque, e a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26), que termina a 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia.
Apesar destas medidas, várias organizações não governamentais criticaram duramente o Facebook: “[As medidas] são muito poucas e demasiado tardias. A desinformação inunda as redes sociais sem consequências (...)”, lamentou Imran Ahmed, presidente executivo do Centro para o Combate ao Ódio Digital (Center for Countering Digital Hate, CCDH na sigla inglesa). E acrescenta: “O Facebook está, outra vez, a não propor nada para atacar a propagação de desinformação climática, ou os superpropagadores que usam os seus serviços para mentir às pessoas. Pior ainda, o Facebook nem sequer propõe deixar de lucrar com a publicidade de empresas de combustíveis fosseis”, aponta.
Por outro lado, Jake Dubblins, da Conscious Advertising Network (Rede para Publicidade Responsável, em tradução livre), comparou as ações do Facebook a “alterar a ordem das cadeiras no convés do Titanic”, e pediu “definições claras sobre o que constitui informação errada e desinformação", lembrando que a empresa tecnológica continua a lucrar com páginas que ignoram o conhecimento científico.
“Estamos desapontados pelo facto de o Facebook não estar a seguir as últimas provas científicas em termos de comunicação climática, nem vários relatórios sobre desinformação climática escritos este ano”, acrescentou Sean Buchan, da ONG Stop Funding Heat (Pare de Financiar o Aquecimento, em tradução livre). “Ironicamente, o Facebook continua a viver em negação”, finaliza.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: tsoares@expresso.impresa.pt / tiago.g.soares24@gmail.com