Sociedade

Facebook anuncia novas medidas para combater desinformação sobre alterações climáticas, mas organizações dizem que são insuficientes

Facebook anuncia novas medidas para combater desinformação sobre alterações climáticas, mas organizações dizem que são insuficientes
Dan Kitwood/Getty Images
A gigante tecnológica vai apostar num novo programa para garantir aos utilizadores informação fidedigna sobre o aquecimento global - e com recurso a fact checkers. Várias ONG pedem mais e lembram que a empresa de Mark Zuckerberg continua a lucrar com páginas negacionistas e publicidade de empresas poluidoras
Facebook anuncia novas medidas para combater desinformação sobre alterações climáticas, mas organizações dizem que são insuficientes

Tiago Soares

Jornalista

O Facebook anunciou novas medidas para ajudar a combater as alterações climáticas, incluindo o investimento de um milhão de euros para criar um programa que ajude as organizações que lutam conta a desinformação relacionada com este fenómeno.

“Estamos a dar passos para garantir que as pessoas têm acesso a informação fidedigna, ao mesmo tempo que reduzimos a desinformação climática, mesmo que esta seja apenas uma pequena parte de todo o conteúdo sobre o clima nas nossas aplicações”, apontou a empresa tecnológica esta quinta-feira. O referido programa vai ser criado em parceria com a International Fact Checking Network, uma rede de fact checkers de todo o mundo.

Assim, a rede social vai expandir o Climate Science Center, uma página informativa do Facebook criada no ano passado e que já chegou a 16 países, tem mais de 3.8 milhões de seguidores e de 100 mil visitantes diários. Será adicionada informação relevante sobre fenómenos climáticos e ambientais (como incêndios florestais) e funcionalidades como jogos para os utilizadores testarem os seus conhecimentos sobre este tipo de problemas.

Além disso, a gigante tecnológica também anunciou que vai arrancar com uma série de vídeos para dar palco a jovens ativistas climáticos do Facebook e do Instagram. A iniciativa vai começar ao mesmo tempo que a Climate Week, de 20 a 26 de setembro, em Nova Iorque, e a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26), que termina a 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia.

Apesar destas medidas, várias organizações não governamentais criticaram duramente o Facebook: “[As medidas] são muito poucas e demasiado tardias. A desinformação inunda as redes sociais sem consequências (...)”, lamentou Imran Ahmed, presidente executivo do Centro para o Combate ao Ódio Digital (Center for Countering Digital Hate, CCDH na sigla inglesa). E acrescenta: “O Facebook está, outra vez, a não propor nada para atacar a propagação de desinformação climática, ou os superpropagadores que usam os seus serviços para mentir às pessoas. Pior ainda, o Facebook nem sequer propõe deixar de lucrar com a publicidade de empresas de combustíveis fosseis”, aponta.

Por outro lado, Jake Dubblins, da Conscious Advertising Network (Rede para Publicidade Responsável, em tradução livre), comparou as ações do Facebook a “alterar a ordem das cadeiras no convés do Titanic”, e pediu “definições claras sobre o que constitui informação errada e desinformação", lembrando que a empresa tecnológica continua a lucrar com páginas que ignoram o conhecimento científico.

“Estamos desapontados pelo facto de o Facebook não estar a seguir as últimas provas científicas em termos de comunicação climática, nem vários relatórios sobre desinformação climática escritos este ano”, acrescentou Sean Buchan, da ONG Stop Funding Heat (Pare de Financiar o Aquecimento, em tradução livre). “Ironicamente, o Facebook continua a viver em negação”, finaliza.

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