Exclusivo

Sociedade

“Os filhos nunca devem morrer antes dos pais.” O luto parental é apenas de cinco dias e há uma petição que quer mudar isso

“Os filhos nunca devem morrer antes dos pais.” O luto parental é apenas de cinco dias e há uma petição que quer mudar isso
Getty Images

Quando um filho morre, o pai ou a mãe têm direito a cinco dias de luto parental. Os mesmos dias que qualquer pessoa tem quando morre um pai ou um sogro, por exemplo. “Há uma desproporção”, considera em entrevista ao Expresso João de Bragança, presidente da comissão diretiva da Acreditar - Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro, que lançou uma petição para aumentar o número de dias de licença de luto parental

“Os filhos nunca devem morrer antes dos pais.” O luto parental é apenas de cinco dias e há uma petição que quer mudar isso

Marta Gonçalves

Coordenadora de Multimédia

“Ninguém quer falar sobre a morte mas ela existe.” João de Bragança é presidente da Comissão diretiva da Acreditar - Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro e, esta quarta-feira, quando arrancou o mês da sensibilização para o cancro pediátrico, foi uma das vozes pela petição do aumento do número de dias de licença de luto parental. Quando há 20 anos lhe morreu a filha Madalena, de sete, foi trabalhar ao fim de cinco dias. “Foi um automatismo”, explica em entrevista ao Expresso. Agora, quando olha para trás, percebe a importância de ter mais tempo e de como nos dias de hoje há uma maior consciência da desestruturação que fica numa família após a morte de um filho.

“Eu vivia num meio urbano, nunca tive de mudar de cidade, tinha uma rede social, familiar e financeira forte. A minha mulher não trabalhava. Eu tinha uma rede social muito substancial. Agora, as casas da Acreditar estão cheias de famílias que ficam um ano fora de casa. Essas pessoas são vítimas de uma desestruturação brutal, com perdas de rendimento, de afetos, de estabilidade familiar; com perda de contacto com um irmão ou de um pai que normalmente tem de ficar longe para trabalhar. Os irmãos acabam por ficar entregues aos avós ou tios. Isso tem de ser remendado e a ferida, após a morte, tem de ser bem tratada,”, sublinha.

Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mpgoncalves@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate