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Pediatras alertam: “Não é sério dizer que escolas funcionarão em pleno”

Pediatras alertam: “Não é sério dizer que escolas funcionarão em pleno”
MÁRIO CRUZ/LUSA

Jovens saudáveis entre 12-15 anos não serão vacinados. Colégio de Pediatria concorda, mas deixa um aviso

Pediatras alertam: “Não é sério dizer que escolas funcionarão em pleno”

Joana Ascensão

Jornalista

Em Portugal continental, a vacinação universal contra a covid-19 continua a ser apenas recomendada a partir dos 16 anos, e é isso que resulta de uma semana de alguns equívocos comunicacionais, em que no ar pairou a dúvida sobre as cerca de 410 mil pessoas dos 12 aos 15 anos: primeiro, a Direção-Geral da Saúde garantiu ao Expresso, no domingo, que essas crianças poderiam ser vacinadas se os pais assim quisessem, com a devida prescrição de um médico; a seguir, na quarta-feira, a DGS veio esclarecer que, para já, estes adolescentes não vão ser vacinados, a menos que tenham uma das comorbidades listadas (ver caixa) — doenças que os tornem mais suscetíveis a desenvolver um quadro grave de covid-19 quando infetados pelo vírus SARS-CoV-2. Sendo certo que, nos adultos, a vacina diminui em muito o risco de desenvolver doença grave, o que há de diferente nas crianças e adolescentes? Há um sistema imunitário distinto, devido à idade. Acredita-se que há respostas diferentes ao vírus e à vacina. E há falta de robustez de dados que suportem a decisão de vacinar entre os 12 e os 15 anos. Mas esta escolha não é consensual entre a comunidade médica.

A dúvida tem feito fervilhar a opinião pública. Graça Freitas pede calma. Numa conferência de imprensa a 30 de julho, onde começou por apresentar as linhas gerais das justificações pelas quais não inclui, para já, estes adolescentes no plano de vacinação, argumentou que a Autoridade Europeia do Medicamento (EMA) tinha encontrado pessoas, sobretudo jovens, que desenvolveram miocardite e pericardite — inflamações do músculo cardíaco e da membrana que envolve o coração, respetivamente — depois de tomarem as vacinas da Pfizer e da Moderna, as únicas duas aprovadas na Europa que foram antes testadas para esta faixa etária. Esta posição também está expressa num relatório do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) que defende que “deve continuar a ser dada prioridade à utilização da vacina em grupos etários mais velhos antes de se visar os adolescentes como um todo”, ressalvando, porém, a importância de vacinar os adolescentes que estão em alto risco. Contudo, são casos raros que têm respondido bem ao tratamento convencional. Ainda assim, a entidade reguladora emitiu um sinal de alerta. E visto que as crianças não têm apresentado doença grave nem morrido com covid-19, os peritos portugueses responsáveis pela decisão preferiram esperar, enquanto outros países (Alemanha, em setembro; Bélgica, China ou EUA) e a região autónoma da Madeira avançam para vacinar universalmente os adolescentes dos 12 aos 15 anos.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.

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