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Covid-19. “Estamos a trabalhar à moda antiga com uma situação diferente”: médicos pedem revisão das normas do isolamento

O bastonário da Ordem dos Médicos no momento em que foi vacinado contra a covid-19
O bastonário da Ordem dos Médicos no momento em que foi vacinado contra a covid-19
JOSÉ COELHO/LUSA

“Quando as medidas mudaram, no final de julho, teria sido logo prudente uma mudança de normas”, defende Bernardo Gomes, médico especialista em Saúde Pública, “ou vai continuar a existir ruído”

Covid-19. “Estamos a trabalhar à moda antiga com uma situação diferente”: médicos pedem revisão das normas do isolamento

Joana Ascensão

Jornalista

Com mais de metade da população portuguesa completamente vacinada, mantém-se a obrigação de isolamento profilático de 14 dias depois de um contacto de risco com uma pessoa infetada. A obrigação é dos vacinados e dos não vacinados, por igual.

Se, por um lado, não cria desigualdades entre pessoas quando algumas ainda não viram chegar a sua vez de serem vacinadas, por outro obriga a normas de precaução que os especialistas começam a considerar demasiado conservadoras e não coerentes com as medidas e as recomendações para a vacinação.

“Quando as medidas mudaram, no final de julho, teria sido logo prudente uma mudança de normas”, defende Bernardo Gomes, médico especialista em Saúde Pública, “ou vai continuar a existir ruído”. O especialista descreve que os médicos de saúde pública e os médicos de família continuam a ter de atuar “com medidas bastante conservadoras em termos de isolamento e gestão de casos e está-se a criar uma tensão entre os profissionais [de saúde] e até na população em geral, que não percebe e que progressivamente está a oferecer mais e mais resistência a cumprir o que lhe é pedido”.

Segundo esclareceu a Direção-Geral da Saúde no final de julho, o isolamento profilático continua a ser necessário “pelo princípio de precaução em saúde pública”. A explicação surgiu no seguimento de um período de isolamento profilático de dez dias que o primeiro-ministro, António Costa, teve de cumprir após ter contactado com um infetado, mesmo estando vacinado com a segunda dose desde 10 de maio.

Bernardo Gomes acredita que está na altura de a DGS começar a pensar em mudar as normas, ou estamos perante um “jogo de incentivos errado e contraditório” quando “não podemos viver numa visão de risco nulo, temos de ter uma abordagem probabilística”.

Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, corrobora a mesma ideia. Diz que “estamos a trabalhar à moda antiga com uma situação diferente” e, portanto, que “as regras devem mudar”, tal como já aconteceu noutros países em que um contacto de alto risco se transforma em contacto de baixo risco quando a pessoa já tem vacinação completa e já passaram 14 dias desde a administração da última dose.

Ultimamente a questão tem-se estendido também aos adolescentes e crianças que para já não estão incluídos no plano de vacinação. Permanece a dúvida sobre se terão igualmente de continuar a cumprir isolamento profilático sempre que contactarem com um infetado. A decisão fará total diferença para o funcionamento das escolas.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.

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