A bolha de segurança prometida pelo Governo para a final da Liga dos Campeões saiu oficialmente de cena. “A bolha não está no nosso léxico”, assumiu esta quinta-feira o subintendente da PSP Cardoso da Silva, na conferência de imprensa de apresentação da operação montada para o jogo do próximo sábado, entre o Manchester City e o Chelsea.
Mais: “As fronteiras foram abertas e os ingleses podem viajar livremente para Portugal o que significa que temos adeptos e temos turistas ingleses a viajar livremente para a cidade (…) Podem fazer o que quiserem, são livres e não vai haver condicionamentos a não ser que alguma questão o justifique”, assume o subintendente que vai comandar diretamente as operações no Estádio do Dragão em resposta às perguntas dos jornalistas sobre as limitações que seriam impostas aos adeptos e eventuais diferenças de tratamento entre os que têm bilhete para o jogo e os que não têm bilhete.
Na montagem da “operação robusta”, que conta com a colaboração da polícia inglesa (oito agentes que “conhecem bem os adeptos dos dois clubes”), a PSP optou por um esquema triangular com vértices no aeroporto, no Estádio do Dragão e no centro da cidade.
O Dragão no centro das atenções
O trabalho, em articulação com a Federação Portuguesa de Futebol e a Câmara do Porto, prevê o reforço de todas as valências e parece ter um foco especial na zona do Estádio, onde as portas abrem às 17h de de sábado (três horas antes do jogo) e vão ser criados três perímetros de segurança apenas acessíveis a quem tiver bilhete de acesso à final, já a partir das 20h de sexta-feira. E, pelas contas da PSP, só aí terão de ser geridos, na logística pós- jogo, 100 autocarros de adeptos do Manchester e mais 80 do Chelsea, que seguirão diretamente para o aeroporto.
E quem não for para o aeroporto? “Ficará na cidade ou seguirá para o seu hotel”, responde apenas. Mas não há o risco de ter milhares de adeptos de clubes rivais ingleses na rua na noite de sábado? “Temos os nossos planos e mapas de risco para ir seguindo em função do que se vier a verificar”, responde.
Quantos polícias estarão envolvidos na operação é uma questão que tem de ficar sem reposta. Há apenas a garantia de que “há um conjunto enormíssimo de polícias” e de que “a PSP quer criar todas as condições de segurança”, consciente da exposição global da cidade e do país ao mundo num evento desportivo desta dimensão.
Receber, acolher, acompanhar, monitorizar, informar são as palavras-chave que vão orientar a atuação policial nos próximos dias. No entanto, a PSP não exclui “uma intervenção mais enérgica caso seja necessário” e garante que logo no aeroporto estará preparada para organizar grupos de adeptos caso isso se revele necessário.
A PSP espera um pico de chegadas no sábado, com 80 voos a serem aguardados a partir das primeiras horas da manhã.
Polícias ingleses no apoio
A partir daí, a regra será “estar em constante adaptação”, “prontos a atuar em qualquer cenário”, assume. “Se os adeptos se forem espalhando pela cidade, teremos de nos adaptar”, diz o subintendente, confiante no apoio dos colegas ingleses que “têm um conhecimento privilegiado do perfil dos adeptos destes dois clubes”.
E quanto a todos os adeptos ou turistas que virão para o Porto e não têm bilhete para o jogo? A regra é mais uma vez atenção e adaptação. “Temos previstas respostas para qualquer cenário”, assegura o subintendente, admitindo que até o plano de levar para o estádio os adeptos do Chelsea no metro e os do Manchester City de autocarro corresponde “a um cenário ideal” que pode não se verificar.
Na verdade, até para a PSP há desafios numa operação desta dimensão, depois de 14 meses de confinamento imposto pela covid-19, assume Cardoso da Silva. “Vamos ver muitos adeptos e vamos enfrentar um cenário a que não estamos habituados. Como já disse à minha equipa até a isso vamos ter de nos adaptar”.
Atentos à possível vinda de adeptos do Manchester City e do Chelsea que se encontram proibidos de entrar em recintos desportivos pela Justiça britânica por mau comportamento, a PSP diz sublinha que trabalha factos e informações, havendo questões que não são reveladas. E mais uma vez garante: “Estamos atentos”.
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