A Rússia planeia retomar os voos em direção às estâncias turísticas egípcias do mar Vermelho, mais de seis anos após a queda de um avião de passageiros russo sobre a península do Sinai, avançou esta sexta-feira o Kremlin.
O Presidente Vladimir Putin e o seu homólogo egípcio Abdel Fatah al-Sisi abordaram em contacto telefónico o reinício do tráfego aéreo em direção às cidades de Hurghada e Sharm el-Sheikh.
"Pelo facto de estar concluído o trabalho conjunto para assegurar altos padrões de segurança do tráfego nos aeroportos egípcios, foi alcançado um acordo para restaurar as anteriores ligações aéreas entre a Rússia e o Egito", foi anunciado em Moscovo.
O gabinete da Presidência egípcia também emitiu um comunicado referindo que Al-Sisi se congratulou com esta decisão. Não foi especificado quando deverão ocorrer os primeiros voos, mas os 'media' russos indicaram que podem reiniciar-se em meados de maio, após a conclusão dos detalhes técnicos.
O grupo operacional anti-coronavírus do Governo deverá informar na segunda metade de maio sobre a retoma dos voos e outros detalhes, como o número de voos agendados.
As empresas de aviação russas já indicaram estar preparadas para organizarem no curto prazo voos 'charter' para as estâncias egípcias, e os operadores turísticos dizem aguardar por uma forte procura.
Moscovo suspendeu todos os voos para o Egito após uma bomba ter derrubado o aparelho operado pela companhia russa Metrojet quando sobrevoava o Sinai em 31 de outubro de 2015 em direção à Rússia, provocando a morte de todos os 224 passageiros e tripulantes. A ação foi reivindicada pelo ramo local do grupo 'jihadista' Estado Islâmico.
Em 2017, foram reativadas as carreiras aéreas para o Cairo, mas as viagens diretas para as duas estâncias do mar Vermelho permaneceram suspensas.
O ataque constituiu um rude golpe para a vital indústria turística egípcia, previamente também afetada pela instabilidade política após a rebelião popular de 2011. Desde então, as autoridades egípcias investiram milhões de euros no reforço da segurança dos seus aeroportos, na esperança de um sinal positivo por Moscovo.
No início de abril, a Rússia suspendeu a maioria dos voos para a Turquia até 1 de junho, pelo aumento das infeções da doença covid-19 no país, uma decisão que implicou um duro golpe na indústria turística egípcia e comprometeu os planos de férias para mais de 500.000 russos, pelo que muitos poderão agora optar em alternativa pelas estâncias egípcias.
O reinício dos voos poderá ser decisivo para o sector turístico egípcio, também muito afetado desde 2020 pelos efeitos do novo coronavírus.
Nas localidades turísticas do mar Vermelho foram mantidas restrições menos severas para tentar atrair turistas estrangeiros.
Na sequência do atentado 'jihadista', o Reino Unido, outra importante fonte de visitantes para o Egito, suspendeu os voos para Sharm el-Sheikh, a estância de onde partiu o fatídico voo Metrojet 9268. Estas restrições foram abolidas em outubro de 2019.
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