Há quem tenha contrato de trabalho sem termo e esteja efetivo há mais de uma década sem que isso seja suficiente para evitar uma situação de pobreza. Estudo feito por onze investigadores, baseado em dados do INE anteriores à pandemia, encontrou quatro grandes perfis da pobreza em Portugal
Um terço (32,9%) das pessoas que vivem em situação de pobreza em Portugal são trabalhadores, na sua maioria com emprego estável e contrato de trabalho, além de, em alguns casos, vínculo efetivo há mais de uma década. Mas os salários baixos e o facto de, em muitos casos, terem as suas famílias dependentes desse rendimento fazem com que nem esse emprego seguro seja suficiente para lhes permitir evitar a pobreza, como conclui o estudo “Pobreza em Portugal - Trajetos e Quotidianos”, divulgado esta segunda-feira pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), feito por onze investigadores e coordenado por Fernando Diogo, professor na Universidade dos Açores.
A análise detalhada aos dados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento de 2018 (ICOR) do Instituto Nacional de Estatística (INE) permitiu ir além dos dados que já se conheciam, como o facto de 11% dos trabalhadores serem pobres. Este estudo olhou em detalhe para as várias características de quem vive com rendimentos insuficientes e definiu quatro grandes perfis da pobreza em Portugal entre quem tem mais de 18 anos: trabalhadores (32,9%), precários (26,6%), reformados (27,5%) e desempregados (13%).
“Os trabalhadores têm uma ligação mais próxima ao mercado de trabalho, mas os precários também trabalham, incluindo situações de biscates e atividades informais”, indica Fernando Diogo, coordenador do estudo e investigador do CICS.NOVA, frisando como a maior parte das pessoas em situação de pobreza tem uma ligação, estável ou instável, ao mercado de trabalho.
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