“Há 15 anos, no dia 22 de fevereiro de 2006, Gisberta Salce Júnior, mulher trans de 45 anos, brasileira, profissional do sexo e seropositiva, foi brutalmente assassinada, após dias de agressões”. Assim começava a carta, redigida pela atriz e ativista Sara Barros Leitão, enviada em março do ano passado à Comissão de Toponímia da Câmara Municipal do Porto. “Este crime de ódio foi e continua a ser um exemplo da violência, discriminação e desigualdade enfrentada pela comunidade trans”, acrescentava a artista de 30 anos no pedido de atribuição do nome de Gisberta a uma rua da Invicta.
“Essa carta era resultado de um espetáculo que criei para e sobre a cidade, ‘Todos os dias me sujo de coisas eternas’, em que me propunha refletir sobre as ruas do Porto”, recorda Sara Barros Leitão, num post partilhado na sua conta da rede social Instagram. “Durante o processo de criação, descobri que as ruas do Porto com nomes de mulheres representavam cerca de 2,5%. Concretamente, até essa data, havia no total 51 ruas com nomes de mulheres, e, por exemplo, 86 apenas com nomes de homens que começavam por ‘Dr’”, complementa.
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