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Pandemia colateral: de que morre quem não morre de covid

Pandemia colateral: de que morre quem não morre de covid

20 mil pessoas morreram a mais do que seria esperado num ano normal. Por cada três vítimas covid, morreram duas pessoas a mais com doenças cardiovasculares, respiratórias e cancro. São vítimas colaterais. Como se explicam? “Puxámos a manta para os doentes covid e os outros ficaram sem cuidados”

Quinze dias separaram uma segunda-feira, dia 2 de março de 2020, quando se confirmou o primeiro caso de covid-19 em Portugal, de outra segunda-feira, dia 16, quando se lamentou a primeira vítima provocada pela doença. Há um ano que vemos o número de mortes covid representado numa curva que ora sobe, ora desce. Mas ela esteve sempre acompanhada por outra à qual prestámos menos atenção, a das mortes colaterais da pandemia. Um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) estima que em 2020 tenha havido 4.830 mortes a mais que não são explicadas pela covid-19 — é a chamada Mortalidade Colateral. Estas correspondem a 41% dos quase 12 mil óbitos em excesso entre março e dezembro de 2020, segundo o estudo. Os restantes 6906 (59%) deveram-se diretamente ao SARS-CoV-2. Partindo das principais causas de morte em 2018, o ano mais mortal dos últimos cinco, os investigadores estimam que, dos 4830 óbitos a mais, 1401 tenham sido causados por doenças cardiovasculares (29%), 1188 por cancro (24,6%) e 566 por doenças aguda respiratória (11,7%).

É apenas um exercício de aproximação e os números são apresentados “por defeito”, explicam os autores do estudo. “O peso das doenças cardiovasculares pode ter sido maior devido ao maior risco teórico de descompensação a curto prazo por alteração de cuidados e acompanhamento.” Saber ao certo quais as causas de morte dependerá da análise feita com base nas certidões de óbitos que demorará ainda meses até estar concluída.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.

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