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Covid-19: hospitais estão a receber mais crianças e jovens com ansiedade

Covid-19: hospitais estão a receber mais crianças e jovens com ansiedade
picture alliance/GETTY

O Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, registou um aumento de 50% no número de crianças e jovens que chegaram à urgência e foram encaminhados para a pedopsiquiatria no início deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado

Alguns hospitais registaram um aumento do número de crianças e jovens que chegaram, no início deste ano, ao serviço de urgência com problemas de ansiedade ou humor. Já outras unidades hospitalares apontam um decréscimo nas consultas, mas sublinham que os casos são mais graves. Ao "Público", o Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, adiantou que o número de crianças e jovens que tiveram contacto com a pedopsiquiatra através de serviço de urgência aumentou quase 50% no início do ano, comparando com o mesmo período do ano passado.

Os casos de ansiedade aumentaram 47,6% no início do ano, no Hospital Dona Estefânia, e em menos de dois meses chegaram à urgência 81 crianças que foram encaminhadas para a pedopsiquiatria, por problemas de ansiedade e humor.

No Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, ainda que os episódios de urgência não tenham aumentado, os casos de tentativa de suicídio e de perturbações de comportamento alimentar foram "mais graves" desde março do ano passado. Já no Centro Hospitalar e Universitário de São João, no Porto, os diagnósticos de perturbações de ansiedade ainda na urgência pediátrica aumentou de 70% para 76%.

Em relação aos internamentos por motivos psiquiátricos, a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) revela uma diminuição durante a pandemia, já que se registaram 840 internamentos entre 1 de março de 2019 e 31 de janeiro de 2020 e 442 internamentos entre 1 de março de 2020 e 31 de janeiro deste ano. Ainda assim, a ACSS diz que a informação de ano e do ano passado ainda não está fechada, "uma vez que o processo de codificação clinica está ainda a decorrer".

Rita Rapazote, coordenadora do serviço de urgência de pedopsiquiatria do Hospital Dona Estefânia, explicou ao "Público" que a situação "é preocupante, sim, mas não é de todo de espantar". Neste segundo confinamento, "é natural que haja menor tolerância e maior cansaço e sobrecarga nas famílias, com impacto na disponibilidade familiar e na capacidade de conter angústias dos mais novos".

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