São centenas os profissionais de saúde indignados com a estratégia de vacinação contra a covid-19, por imunizar a classe política quando quem trata os portugueses continua por vacinar. “Não são só médicos. São enfermeiros, farmacêuticos, dentistas e muitos outros, e vão acontecer coisas”, avisa o bastonário da Ordem dos Médicos.
Numa conferência de imprensa ao início da tarde desta quinta-feira com os dois sindicatos médicos, Miguel Guimarães fez severas críticas à estratégia atual. “Ninguém consegue entender que numa altura em que se fala tanto na falta de capital humano, só 30% dos médicos do Serviço Nacional de Saúde tenham feito a vacina e menos de 10% no sector privado.” E foi perentório: “Os médicos são alvo de desprezo e até de humilhação por quem está a gerir o país. Não podemos aceitar esse desprezo e vão ser utilizados todos os meios possíveis para defender os profissionais de saúde.”
O bastonário sublinhou que “não vacinar os profissionais de saúde é condenar os portugueses a ficarem sem cuidados de saúde.” Tanto a Ordem como os sindicatos – a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) - defendem que os grupos prioritários a proteger devem ser quem trata os doentes e quem tem mais de 80 anos, como é defendido pela própria Organização Mundial da Saúde e “está a acontecer na generalidade dos países”.
“Tem de haver humildade da parte do Ministério da Saúde e não defraudar os portugueses. Temos 500 mil pessoas com mais de 80 anos, e os seus familiares, a pressionarem os cuidados para serem vacinados porque o Governo criou essa expectativa”, critica o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha. E essa clareza impõe a proteção célere também dos profissionais de saúde na rede privada.
Noel Carrilho, presidente da FNAM, defende que as atenções têm de ser centradas em quem deve ser vacinado, e não o contrário. “Queremos que sejam cumpridos rigorosamente os critérios de vacinação, pois sabemos que algumas pessoas foram vacinadas sem respeito dessas prioridades.”
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