Sociedade

Confinamento mas pouco: esta segunda-feira, 60% dos portugueses continuaram a mover-se nas ruas

Confinamento mas pouco: esta segunda-feira, 60% dos portugueses continuaram a mover-se nas ruas
JOSÉ SENA GOULÃO

Estudo revela que os portugueses registam um confinamento “ligeiro”. Comparando a mobilidade registada esta segunda-feira com a da semana anterior, a quebra foi de apenas 10 pontos percentuais

Confinamento mas pouco: esta segunda-feira, 60% dos portugueses continuaram a mover-se nas ruas

Carla Tomás

Jornalista

No primeiro e no quarto dia de confinamento, ou seja na sexta-feira passada e esta segunda-feira, apenas 40% da população permaneceu em casa respeitando o confinamento. Tal significa que o ‘lockdown’ decretado pelo Governo desde o dia 15 de janeiro “só retirou 10 pontos percentuais da população da mobilidade” das ruas nestes dois dias úteis, por comparação com o período anterior, indica um estudo da consultora PSE, especializada em análise de dados.

Com base nos registos desta segunda-feira, o responsável pelo estudo, Nuno Santos, constata que “os portugueses cumpriram de forma muito ligeira a orientação para ficar em casa desde o início do novo Estado de Emergência”. Isto porque, explica ao Expresso, “enquanto no anterior confinamento (em março- abril de 2020) tínhamos 65% a 70% das pessoas em casa, agora temos apenas 40%”.

Comparando a segunda-feira 11 de janeiro com a segunda-feira 18 de janeiro, os dados recolhidos pela PSE indicam que a população em casa passou de 30,5% para 41%. Segundo a consultora, “não é expectável que o crescimento da pandemia seja travado sem conseguirmos um índice de mobilidade igual ou inferior a 60% da mobilidade ‘normal’”. E para tal, indica Nuno Santos, “neste jogo de equilíbrios entre a pandemia e a economia, temos de retirar dois milhões de pessoas da circulação nas ruas e isso só é possível fechando as escolas”. Para o consultor, o reajustamento de medidas anunciado esta segunda-feira (18 de janeiro) ”terá pouco impacto na mobilidade”.

Os mais jovens são os que menos estão confinados, enquanto mais de 60% dos maiores de 70 anos estão em casa, mas isto não chega para travar a propagação da pandemia, segundo Nuno Santos: “O que nos indicam estudos internacionais é que para controlar a pandemia, temos de controlar a mobilidade, tornando necessário ter no mínimo 50% da população em casa ou um índice de mobilidade de 60% (que agora está nos 80%), durante pelo menos um a dois meses.”

O estudo da PSE conta com uma amostra de 3670 indivíduos com mais de 15 anos, representativos do universo da população residente nas regiões do Grande Porto, Grande Lisboa, Litoral Norte, Litoral Centro e Distrito de Faro, cujos dados são monitorizados através de uma aplicação instalada de forma consentida nos telemóveis dos participantes. A margem de erro é de 1,62%, para um intervalo de confiança de 95%.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ctomas@expresso.impresa.pt

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