Portugal recebeu as duas remessas de vacinas da Pfizer que estavam previstas para dezembro, num total 79.950 doses, esperando esta segunda-feira receber mais 80 mil doses. Segundo já tinha avançado o Ministério da Saúde, a previsão para cada semana de janeiro era ministrar um montante idêntico de doses aos grupos considerados prioritários, como profissionais de saúde, utentes e trabalhadores de lares de idosos.
Segundo o plano nacional de vacinação, apresentado a 3 de dezembro, o país investiu cerca de 200 milhões de euros em mais de 22 milhões de doses de vacina à covid-19, a tomar em duas doses, - a toma será "gratuita, universal e facultativa". O plano de vacinação mantém-se, dependendo da chegada atempada de vacinas, e numa fase inicial preveem-se ministrar 300 mil doses por semana, com capacidade de expansão.
Esta segunda-feira, arrancou o plano de vacinação em funcionários e utentes de lares de idosos a nivel nacional, o que irá atingir 250 mil pessoas, segundo foi anunciado pelo Governo.
O processo de vacinação começou no país em cerca de 150 lares em distritos com risco mais elevado. Também na região autónoma da Madeira começou esta segunda-feira o programa de imunização em lares de idosos, considerados um alvo prioritário para receber a vacina, à semelhança do continente.
E no resto da Europa?
No espaço de 10 meses, desde que foi considerada uma pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a covid-19 já deu azo a 60 projetos de vacinas, a par de mais 172 em fase de testes e de 13 que se encontram em fases finais.
Com o segundo surto de covid-19 nos diversos países, agravado pela dureza do tempo frio de inverno, a Comissão Europeia está a apelar a que as campanhas de vacinação ao novo coronavírus sejam ainda mais rápidas, e reforçou em mais 100 milhões de doses o pedido de aquisição da proposta da Pfizer e BioNTech, que passou a ascender a 300 milhões de lotes de imunizante.
Neste começo de ano, em que o foco dos países está em conseguir vacinas em doses suficientes, não faltam pessoas que são avessas a tomar o imunizante. Em França a maioria da população é 'antivacina' e Espanha já disse que vai criar uma lista dos cidadãos que se recusam a tomá-la, mas que não será tornada pública.
Fora da Europa, o destaque vai para Israel, que em duas semanas já vacinou mais de 10% da população.
França
O início da campanha de vacinação à covid-19 foi considerado um 'flop' em França, onde numa semana (entre 27 de dezembro e 2 de janeiro) o imunizante foi ministrado apenas a 432 pessoas. Os dados são da France 24, a partir da estatística fornecida pelo Ministério da Saúde do país ao site independente Covidtracker.
O presidente Emmanuel Macron prometeu no discurso do fim do ano que não haveria mais atrasos injustificados e garantiu que "todo o francês que quiser deve poder vacinar-se".
França é um dos países europeus onde a população se assume ser mais 'anti-vacina'. Segundo um inquérito recente, conduzido entre 22 e 23 de dezembro a mais de mil pessoas, os franceses, numa taxa que atinge 58%, revelaram-se avessos a tomar a vacina contra a doença do novo coronavírus.
Espanha
Espanha começou a 27 de dezembro a vacinar a população contra a covid-19, um dia depois de receber as primeiras doses do imunizante.
O país anunciou que iria distribuir as vacinas por todas as comunidades autónomas, sendo a prioridade os utentes e trabalhadores de lares de idosos ou centros de saúde.
Desde que a campanha de vacinação começou no país, um total de 2036 pessoas, segundo a agência EFE, recebeu a primeira dose na semana de arranque na província de Castela e Leão, prevendo-se que esta semana o imunizante seja ministrado a mais 12 mil pessoas desta região autónoma espanhola, que põe a prioridade em idosos e trabalhadores de lares. Após os feriados da quadra festiva, o ritmo de vacinação será mais acelerado, segundo adiantam os responsáveis da província espanhola.
Na região da Catalunha, até domingo, já 8293 pessoas receberam a vacina da Pfizer desde que a campanha arrancou, das quais quase 6 mil na província de Barcelona. A região espanhola tem disponível 60 mil doses de vacina para ministrar à população, e também aqui a prioridade são as residências de idosos e os seus trabalhadores.
Espanha já anunciou que pretende vacinar 15 milhões a 20 milhões dos seus cidadãos até meados de 2021 - e também que vai criar uma lista dos que se recusam a levar o imunizante, numa base de dados que irá partilhar com a União Europeia, mas não será tornada pública.
Reino Unido
Foi o país da Europa, ainda antes da consumação do Brexit, a antecipar-se na campanha de vacinação, iniciada a 8 de dezembro, com o primeiro imunizante aprovado da Pfizer-BioNTech. Até 27 de dezembro, segundo os últimos dados oficiais, 944.539 britânicos tomaram o primeiro lote de vacinas à covid-19.
O Governo do Reino Unido está a ser criticado pela associação de médicos por considerar "preferível" ministrar a primeira dose de vacinas ao maior número possível de pessoas, pelo que está a optar por um intervalo de 12 semanas entre a primeira e a segunda dose, em vez de respeitar o período recomendado de 21 dias entre cada lote do imunizante.
Esta segunda-feira, o Reino Unido tornou-se no primeiro país a administrar a vacina 'nacional' desenvolvida pelo laboratório britânico AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, havendo de momento 520 mil doses prontas a serem distribuídas, segundo avançou o Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS).
Tanto as vacinas da Pfizer como da Oxford serão dadas no Reino Unido com um intervalo de 12 semanas entre cada dose, mas segundo a Associação Médica Britânica é "uma grande injustiça" que a segunda dose da vacina não seja administrada num prazo de 21 dias.
Alemanha
O país tem sido bastante atingido pelo segundo surto de covid-19 no período de inverno e desde o início da vacinação, a 26 de dezembro, a primeira dose do imunizante já foi dada a 265.000 pessoas, segundo o Instituto Robert Koch.
A Alemanha é o primeiro país da União Europeia propriamente dita - sem contar já com o Reino Unido - a ter mais cidadãos vacinados contra o novo coronavírus, mas o governo alemão tem sido criticado por não assegurar a aquisição de doses suficientes e de só ter autorizado a aplicação de um único imunizante, desenvolvido pela Pfizer e a BioNtech.
Vários estados alemães queixam-se ainda de não estar a receber a vacina na quantidade esperada - o que levou o ministro da Saúde, Jens Spahn, a apelar à paciência, lembrando que a situação irá melhorar à medida que vão sendo aprovadas as vacinas que se encontram nas últimas fases de testes.
A Alemanha tem estado desde novembro em confinamento quase total, com a maioria do comércio encerrado à exceção das lojas essenciais. O país registou um pico de 1129 mortes pela infeção a 30 de dezembro, e um máximo de 33.777 infeções diárias a 18 de dezembro.
A curva de contágios no país tem vinho a achatar e a incidência acumulada nos últimos sete dias caiu para 139,4 casos por 100 mil habitantes, abaixo do máximo de 197,6 casos verificado a 22 de dezembro.
As férias de Natal nas escolas tinham sido estendidas na Alemanha até 11 de janeiro devido à situação pandémica, e esta segunda-feira os responsáveis pela educação dos 16 estados federais acordaram em prolongá-las até 31 de janeiro. Os estados alemães também reúnem esta terça-feira com a chanceler Angela Merkel para debater a necessidade de prolongar as restrições à atividade económica que imperam desde novembro.
Itália
Depois da Alemanha, a Itália é o segundo país da União Europeia a registar o maior número de pessoas vacinadas contra a covid-19.
Esta segunda-feira, às 18h30, 128.880 cidadãos italianos receberam a primeira dose do imunizante da Pfizer, segundo dados divulgados no portal da comissão extraordinária para a emergência sanitária em Itália.
A região de Lazio (onde está a capital Roma) lidera o número de pessoas vacinadas (25.470), equivalendo a 55,6% da quantidade total de doses disponíveis. Na Sardenha (apenas 392 vacinados), prevê-se que a campanha de vacinação mais intensa comece a 7 de janeiro, devido às férias dos profissionais de saúde com os feriados da quadra festiva e do fim de ano.
Mas há regiões italianas, como é o caso da Lombardia, que se queixam de atrasos no processo de vacinação, por falta de médicos e também de material necessário, como é o caso de seringas de precisão.
Notícia atualizada às 19h30, com novos números em França, Itália e Alemanha