Sociedade

Bastonário dos médicos: “Vacinem-se a pensar nos outros, nos que precisam mais”

Considerando que se trata de um “momento simbólico e histórico no combate à pandemia”, Miguel Guimarães disse “ser sensato” não vacinar já os profissionais que estiveram infetados nos últimos meses porque, “à partida estão protegidos” por terem estado em contacto direto com o vírus

Bastonário dos médicos: “Vacinem-se a pensar nos outros, nos que precisam mais”

Joana Ascensão

Jornalista

Bastonário dos médicos: “Vacinem-se a pensar nos outros, nos que precisam mais”

Marta Gonçalves

Coordenadora de Multimédia

Miguel Guimarães foi um dos médicos chamados no hospital de São João, no Porto, para ser vacinado este domingo contra a covid-19. O bastonário da Ordem, em declarações ao Expresso, apelou à vacinação, que definiu como a base da construção de “edifício imunológico” que agora começa e que “em breve chegará ao telhado”.

“Este é um momento simbólico e histórico no combate à pandemia. Transmite-nos um sinal de esperança mas serve também de motivação adicional”, disse. “É fundamental vacinarem-se. Quando tivermos 70% das nossas pessoas vacinadas, acabamos de construir o nosso edifício, ou seja, estamos todos protegidos. Na prática significa que o combate ao vírus está ganho.”

Explicando que a adesão à vacinação naquele hospital foi “extremamente elevada”, para os profissionais convocados, Miguel Guimarães considerou “sensato” que os profissionais de saúde que estiveram infetados nos últimos meses não tenham sido vistos como prioritários para esta primeira leva de vacinação.

“Quando temos contacto com o vírus, desenvolvemos anticorpos que nos dão proteção. Significa que quem teve contacto direto com o vírus, se não foi há demasiado tempo, à partida, está protegido”, disse. “Não sabemos por quanto tempo está protegido. E isso também se aplica à vacina, que não sabemos qual a duração”, acrescentou, lembrando ainda assim que esses profissionais vão tomar a vacina mais tarde.

Miguel Guimarães foi um dos convocados para ser vacinado devido à sua atividade na área da transplantação renal, uma das consideradas mais prioritárias e em contacto direto com doentes covid. Foi vacinado cerca das 11h45. “Este é um sinal positivo para que as pessoas também exerçam este ato de cidadania.”

Este domingo começaram a ser vacinados os primeiros portugueses, todos profissionais de saúde. Foi pelas 10h que António Sarmento, 65 anos e 42 anos de profissão e diretor do serviço de doenças infecciosas do Hospital de São João, tomou a vacina. Nesta unidade de saúde estão agendadas, este domingo, 2.125 pessoas para serem vacinadas. A administração vai ser feita entre as 10h e as 20h e, caso não seja possível terminar, as doses podem ser tomadas até quarta-feira, uma vez que o prazo de validade se estende até quarta-feira.

Já em Lisboa, foi Fernando Nolasco o primeiro. O médico de medicina interna foi vacinado no Curry Cabral (há ainda um pólo de vacinação no hospital de São José), onde 100 pessoas foram mobilizadas para prestar o serviço este domingo. Estão agendadas 1.602 vacinas no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (801 em cada um dos pólos). Entre os cerca de oito mil profissionais de saúde (apenas 1500 estão na prestação direta à covid) que ali trabalham, 95% dos colaboradores querem ser vacinados.

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