Sociedade

Estado da Educação. Alunos preferem cursos superiores aos profissionais, mas taxa de retenção no secundário continua elevada

Estado da Educação. Alunos preferem cursos superiores aos profissionais, mas taxa de retenção no secundário continua elevada
RUI DUARTE SILVA

O ensino superior universitário ou politécnico continua a ser mais atrativo para os alunos que terminam o secundário, mas há cada vez mais “chumbos” no 12.º ano

Entre o ano letivo de 2009/10 e o ano letivo de 2018/19, o número de alunos matriculados no ensino secundário teve uma evolução positiva, com uma taxa de variação anual de 2,7%. O valor máximo de alunos matriculados na década em análise (363 245) ocorreu em 2013/14 e, desde então, o número decresceu gradualmente, até 2017/18. Porém, no último ano da série, assistiu-se a uma ligeira recuperação.

Esta recuperação deve-se, diz o relatório, especialmente ao aumento do número de alunos matriculados nos cursos científico-humanísticos, que, nesta década, tiveram uma evolução positiva de 4,9%, em contraponto com os que optaram pelos cursos de dupla certificação, que tiveram uma variação negativa (-0,4%).

Alunos matriculados (%) por oferta educativa e formativa
Estado da Educação 2019

Ou seja, continua a observar-se a preferência pela oferta vocacionada para o prosseguimento de estudos no ensino superior universitário ou politécnico.

No ano letivo de 2018/19, 59,1% dos jovens do ensino secundário frequentavam os cursos científico-humanísticos e os restantes 40,9% tinham optado por cursos de dupla certificação (cursos profissionais e cursos de aprendizagem). Apesar da oferta de cursos profissionais ter sido, em 2018/19, claramente superior à observada para os cursos científicos-humanísticos, a percentagem de alunos nestes cursos foi perto de 60%, face a 33% que frequentaram cursos profissionais, no total de alunos que frequentaram o ensino secundário (351 233).

Ensino público ganha terreno ao privado

O mesmo relatório evidencia uma retração de alunos matriculados em estabelecimentos de natureza privada dependentes do Estado, quer no que respeita aos cursos científico-humanísticos, quer no que respeita aos cursos de dupla certificação. Destaca-se igualmente o aumento expressivo de alunos matriculados nos estabelecimentos de ensino de natureza privada independente, nos dois tipos de oferta, sobressaindo, contudo, os cursos de dupla certificação – entre 2009/10 e 2018/19, aumentaram 5,5 pontos percentuais (pp).

Alunos matriculados (%) por oferta de ensino e natureza institucional
Estado da Educação 2019

Esta tendência é comum tanto para as raparigas como para os rapazes, mas a variação é mais expressiva no grupo das raparigas. As alunas matriculadas nos cursos científico-humanísticos aumentaram 2,2 pp. Em 2018/19, dois terços das raparigas e pouco mais de metade dos rapazes (53%) frequentaram cursos científico-humanísticos.

Já a distribuição dos alunos matriculados em cursos científico-humanísticos pelas diferentes áreas de estudos mostra uma maior prevalência de alunos no curso de ciências e tecnologias (50,9%), seguido do curso de línguas e humanidades (28,6%).

Os alunos matriculados no curso de ciências socieconómicas não chegaram a 15%, mas é sobretudo nesta área de estudos que se concentram mais alunos nos estabelecimentos de natureza privada. Os planos de estudos estrangeiros foram uma oferta exclusiva do ensino privado. Em Portugal, a maioria dos alunos matriculados no ensino secundário (89,2%) frequentava o ensino público.

Portugal é um dos poucos países europeus com elevadas taxas de retenção, apesar de continuarmos a assistir a uma expressiva redução do número de alunos que não transitaram de ano, e é no 12.º ano que há uma percentagem maior de “chumbos”. Os cursos tecnológicos/profissionais evidenciaram, globalmente, uma menor taxa de retenção em todo o período analisado, mas, nos últimos dois anos letivos, estes cursos mantiveram uma taxa de 10,3% de retenções.

Em 2019, a taxa de conclusão do ensino básico geral atingiu o valor mais elevado da década (94,5%).

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