Desde a semana passada, os doentes de covid-19 são considerados curados ao fim de dez dias de infeção, podendo regressar de imediato às suas atividades sem um resultado laboratorial negativo que ateste a cura. A nova norma está a gerar grande confusão entre a população e os médicos pedem aos responsáveis de Saúde que clarifiquem o procedimento junto de todo os portugueses.
As novas regras entraram em vigor na quinta-feira, mesmo dia em que o país passou para o estado de calamidade, e estabelecem que os infetados sem sintomas sejam dispensados do teste e tidos como curados dez dias após o diagnóstico, por PCR, de infeção. No caso de quem adoeceu com sintomatologia, a cura será atestada também volvidos dez dias mas neste caso contados após o terceiro dia, naturalmente, sem febre. A falta de clareza surge com a existência de exceções, pois “para grávidas, profissionais de saúde e trabalhadores dos lares mantém-se a exigência dos testes de cura”, sublinha o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Jorge Roque da Cunha.
Para o médico, a diferença de tratamento indicia que há risco - continua obrigado a teste quem tem maior fragilidade, como as grávidas ou quem desempenha funções que podem colocar em risco as pessoas mais suscetíveis a uma evolução grave da doença, como os funcionários dos lares - e impõe-se uma clarificação.
“Dado ser uma alteração estrutural (e não discutindo a qualidade e pertinência da norma) e perante o silêncio na divulgação desta norma, apelo ao Ministério da Saúde e à Direção-Geral da Saúde para que, pelos canais de formação e de propaganda que dispõem, possam esclarecer a população sobre a alteração”, sublinha.
Jorge Roque da Cunha apela “ainda para que seja transmitida a não necessidade de teste de cura às direções das escolas, associações de pais, associações empresariais e sindicais, direções dos lares e segurança social”. E sugere: “A divulgação desse esclarecimento poderá ser objeto de resposta já esta segunda-feira na conferência de imprensa. Os médicos têm despendido muito do seu precioso e escasso tempo para explicar isso aos seus doentes covid-19, familiares e empregadores.”
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