A Frente Unitária Antifascista (FUA) marcou para este domingo duas manifestações às 15h00 em Lisboa (Praça Luís de Camões) e Porto (Avenida dos Aliados). O mote é a luta contra o fascismo. Os protestos aparentam ser uma resposta aos acontecimentos desta semana, nomeadamente da "parada Klu Lux Klan", em frente à sede da SOS Racismo, e às ameaças de morte enviadas por email por um grupo de extrema-direita a três deputadas, a Mamadou Ba, da SOS Racismo, e a elementos da FUA.
As autoridades estão especialmente atentas aos bastidores do protesto. "Admite-se que estas ações estejam sob vigilância de coletivos e grupos de matriz de extrema-direita, em face do agudizar dos discursos de pólos opostos", refere uma fonte judicial.
Em causa está um e-mail dirigido à SOS Racismo e à Frente Unitária Antifascista, em que é dado a dez pessoas (incluindo as deputadas e ativistas antifascistas) um prazo de 48 horas para abandonarem o “território nacional”. Caso contrário, “medidas serão tomadas contra estes dirigentes e os seus familiares, de forma a garantir a segurança do povo português”, lê-se. O e-mail está assinado pela Nova Ordem de Avis e pela Resistência Nacional. O Ministério Público já instaurou um inquérito-crime para investigar o ato.
Segundo apurou o Expresso, as autoridades estão a ponderar avançar com medidas de proteção para as dez pessoas visadas.
Depois das ameaças sofridas, Joacine Katar Moreira (não inscrita), Mariana Mortágua e Beatriz Gomes Dias (do BE) foram contactadas pelo Governo, que lhes propôs protecão policial. O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, foi o “intermediário” na oferta, confirmou o próprio ao jornal Público, mas remeteu quaisquer outros esclarecimentos para o Ministério da Administração Interna.
O Ministério Público abriu um inquérito a “todos os factos que vieram a público nos últimos dias” relativamente às ameaças e ataques à SOS Racismo, avançou o Observador e confirmou o Expresso. Em causa está a manifestação do passado sábado em frente à sede da SOS Racismo e também as ameaças de morte a três deputadas e sete membros daquela associação.
“Confirma-se a instauração de inquérito, no âmbito do qual serão investigados todos factos que vieram a público nos últimos dias”, refere apenas o MP. Questionado pelo Expresso sobre se a abertura do inquérito foi feita por iniciativa própria ou após uma queixa, o MP não respondeu.
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