O juiz Carlos Alexandre é contundente, mordaz e aqui e ali mostra laivos de ironia durante as 2462 páginas da decisão instrutória sobre o caso do roubo e da encenação de Tancos. Todos os 23 arguidos vão a julgamento, incluindo o ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes.
E é sobre o ex-governante que recaem alguns dos comentários mais duros do magistrado. “Todo este lodaçal tem de ser julgado”, escreve Carlos Alexandre, algumas linhas depois do documento descrever os louvores propostos pelo ex-ministro a elementos da Polícia Judiciária Militar (PJM) e da GNR de Loulé a pretexto de terem encontrado as armas roubadas em junho de 2017 dos paióis nacionais de Tancos. A investigação aponta o dedo aos mesmos militares por terem encenado a descoberta do arsenal no baldio da Chamusca em outubro de 2017, numa operação policial clandestina à revelia da PJ civil, que era quem detinha o inquérito-crime.
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