3 junho 2020 11:12
filadendron
A Associação pela Defesa dos Direitos Digitais lançou a página o Rastreamento.pt, “um recurso para nos ajudar a compreender as apps de rastreamento de contactos, e para esclarecer a decisão de instalar ou não uma aplicação deste tipo”
3 junho 2020 11:12
O coro de defensores da utilização de uma aplicação para controlar disseminação da covid-19, em Portugal, já vai extenso. “Quando existir [uma app anti-covid], eu descarregá-la-ei no meu telemóvel e autorizarei as notificações caso esteja infetado", garantiu António Costa, na semana passada. Luís Marques Mendes fez, no domingo, fez uma apologia ao uso da Stayaway, app que está a ser desenvolvida pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), e que deverá entrar no mercado muito em breve.
Mas há ainda quem tenha dúvidas – e questões por responder. Segundo a D3 - Associação pela Defesa dos Direitos Digitais, é preciso "pensar antes de instalar".
Para ajudar os portugueses a tomar uma decisão informada, a associação lançou agora a página Rastreamento.pt, “um recurso para nos ajudar a compreender as apps de rastreamento de contactos, e para esclarecer a decisão de instalar ou não uma aplicação deste tipo”.
“A D3 manifesta uma profunda preocupação com os riscos que estas apps implicam, já visíveis noutros países que optaram por mecanismos semelhantes. Mesmo utilizando um protocolo que visa salvaguardar a privacidade das transmissões da app, essa é apenas uma faceta do problema”, nota.
O desespero de uma resposta à pandemia “não pode justificar a adoção de medidas e mecanismos cuja necessidade e adequação está ainda por demonstrar e que, em último caso, podem até piorar toda a situação”, sublinha.
De acordo com o último barómetro da Pitagórica, a eventualidade de uma nova vaga de covid-19, 61% dos portugueses é favorável à adoção da vigilância de infetados por telemóvel.
Um dos principais problemas que a D3 levanta são os “falsos positivos”. “A tecnologia Bluetooth não foi criada para os fins em que está a ser usada neste contexto. A app poderá registar contactos entre duas pessoas separadas por uma barreira de acrílico ou mesmo uma parede – é que o Bluetooth atravessa paredes, como podemos comprovar facilmente ao ligar o Bluetooth no nosso telemóvel e ver a lista de aparelhos dos vizinhos. Uma notificação de contacto com pessoa infetada, fidedigna ou não, vai causar transtorno e ansiedade a qualquer pessoa que a receba”, frisa.