Sociedade

OMS corrige opinião sobre imunidade: “É expectável que a maior parte dos infetados desenvolva anticorpos”

Sede da Organização Mundial de Saúde (OMS), em Genebra, na Suíça
Sede da Organização Mundial de Saúde (OMS), em Genebra, na Suíça
FABRICE COFFRINI / AFP / Getty Images

“Publicámos um tweet que causou alguma preocupação e gostaríamos de clarificar”, escreveu a Organização Mundial da Saúde, depois de ter desaconselhado os “passaportes de imunidade” por ainda não se saber se pode haver reinfeção

A Organização Mundial da Saúde (OMS) veio clarificar a posição que divulgou no sábado, no Twitter, na qual questionou a validade dos "certificados de imunidade", por ainda não existirem garantias que um doente recuperado não possa ser reinfetado. "Publicámos um tweet que causou alguma preocupação e gostaríamos de clarificar: é expectável que a maior parte das pessoas infetadas com covid-19 desenvolva anticorpos que permitirão ter algum nível de imunidade", escreveu a OMS no Twitter, no sábado à noite.

"O que ainda não sabemos é o nível de proteção que será desenvolvido e a sua duração. Estamos a trabalhar com cientistas de todo o mundo para perceber melhor a resposta do corpo à infeção. Até agora, os estudos ainda não responderam a estas questões", acrescentou a agência das Nações Unidas.

A OMS acabou mesmo por substituir a publicação anterior no Twitter, embora a disponibilize para consulta.

O que ainda não se sabe

Referindo a posição da OMS, Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, também sublinhou, no sábado, o muito que ainda não se sabe sobre a imunidade desenvolvida pelos doentes infetados pelo novo coronavírus. "Ainda não sabemos que proteção geram os anticorpos produzidos, nem qual a duração dessa proteção", afirmou, em conferência de imprensa. "Neste momento ainda não conseguimos com segurança interpretar estes resultados, ou seja, o significado dessa presença de anticorpos ou se são em quantidade suficiente."

Os inquéritos à imunidade, feitos através dos testes serológicos, vão permitir perceber que percentagem da população teve contacto com o vírus e desenvolveu anticorpos. Em vários países já arrancaram estes estudos à imunidade.

Em Portugal, o primeiro inquérito serológico nacional, que está a ser preparado pelo Instituto Dr. Ricardo Jorge (INSA), arrancará em maio e vai testar 2 mil pessoas - 1720 com mais de 10 anos e 352 crianças abaixo dessa idade, numa amostra representativa da população. Ao longo da epidemia estes estudos vão ser lançados regularmente pelo INSA para perceber a evolução da imunidade da população - assim como a quantidade, qualidade e duração dessa imunidade.

Há outros estudos que estão a ser feitos pontualmente em várias zonas do país a grupos específicos. É esse o caso, por exemplo, dos testes serológicos que a Fundação Champalimaud faz há já três semanas a todos os seus colaboradores ou os que vai começar a fazer num inquérito a 700 enfermeiros e auxiliares operacionais nos hospitais de Santa Maria, em Lisboa, e de Santo António, no Porto, além do estudo no Algarve a agentes de proteção civil e funcionários de lares.

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