Maioria dos casos está na zona Norte de Portugal. Entre os doentes estão seis crianças e jovens com idades que vão dos 10 aos 19 anos. Nas últimas 24 horas, surgiram dez novos casos
Jornalista
A situação epidemiológica em Portugal continua a agravar-se. De acordo com o último boletim da Direção-Geral de Saúde (DGS), são já 31 os portugueses infetados com o Covid-19 em solo nacional. Ontem à noite, mais uma criança, que tinha estado em contacto com o caso já conhecido da professora da Amadora infetada, foi diagnosticada no Hospital Dona Estefânia, em Lisboa.
Dos 31 doentes, seis são crianças e jovens com idades que vão dos 10 aos 19 anos. Nas últimas 24 horas, surgiram dez novos casos. Ou seja, conforme disse Ricardo Mexia, Presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública e epidemiologista no Instituto Ricardo Jorge, a situação pode estar a “escalar”. Neste momento, há 56 pessoas a aguardar resultados do teste para o novo coronavírus e 447 sob vigilância das autoridades de saúde.
Os dados da DGS apontam que o impacto do coronavírus, ao nível nacional, não está distribuído de forma homogénea, à semelhança do que acontece noutros países como Itália. A maioria dos casos registados foram na região Norte: 22 doentes estão a ser acompanhados no Porto – seis no Hospital de Santo António e 16 no Hospital de São João. Já na zona de Lisboa, existem apenas seis casos distribuídos pelo Curry Cabral e Dona Estefânia, (sete se for contabilizado o último diagnóstico de que o Expresso teve conhecimento). O Centro e Sul do país, por sua vez, contam ambos com um caso. Até agora, o Alentejo é a única região continental, das cinco em que a DGS divide o país, na qual ainda não foi detetado nenhum caso do novo coronavírus.
A distribuição nacional de casos da DGS não reflete, contudo, os locais de acompanhamento clínico. A jovem de 16 anos de Portimão, que esteve no Carnaval em Itália e foi diagnosticada com Covid-19 no domingo, foi transferida para Lisboa.
Um pouco por todo o país, muitas instituições estão a implementar medidas para controlar a disseminação do Covid-19. A Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) anunciou ontem restrições às visitas aos estabelecimentos prisionais: foram suspensas ao fim de semana e, durante a semana, passaram a estar limitadas a dois visitantes. Por sua vez, a Direção da Federação Portuguesa de Futebol decidiu, até nova indicação, suspender o cumprimento inicial entre as equipas e a equipa de arbitragem, através de aperto de mão, em todas as competições FPF.
Dos 22 casos detetados na região Norte de Portugal, 19 correspondem ao mesmo foco e a maioria dos infetados pertence aos concelhos de Felgueiras e Lousada, no distrito do Porto.
De forma a conter o surto, todas as escolas – públicas e privadas – dos dois concelhos vão fechar portas durante as próximas duas semanas, decretou a DGS ontem. Também as atividades em estabelecimentos de lazer e utilização pública foram suspensas por tempo indeterminado. Refira-se: um dos 19 infetados a Norte é funcionário de uma fábrica de sapatos em Felgueiras. A fábrica fechou e os 64 empregados estão em casa em isolamento.
A Universidade do Porto decidiu ontem também fechar portas em três faculdades. Até 20 de março, não haverá aulas na Faculdade de Medicina, no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e na Faculdade de Farmácia.
A Misericórdia do Porto, por sua vez, adotou medidas preventivas e suspendeu as visitas em várias unidades: hospital da Prelada, Centro Hospitalar Conde de Ferreira, ERPI Pereira de Lima, ERPI São Lázaro, ERPI Nossa Senhora da Misericórdia e estabelecimento prisional de Santa Cruz do Bispo.
No distrito de Braga, um ginásio em Vizela foi encerrado por orientação da DGS, na sequência de um caso diagnosticado a um sócio que treinou nas instalações. As atividades letivas no campus de Gualtar da Universidade do Minho, em Braga, foram também suspensas por tempo indeterminado, depois de um aluno ter sido infetado com o novo coronavírus.
Dos seis casos registados em Lisboa, todos estão relacionados, até ao momento, com uma professora, com cerca de 40 anos, que esteve em Itália no passado mês.
A docente, que dá aulas na Escola Básica Roque Gameiro e na Secundária da Amadora, terá sido aconselhada pelo SNS24 a ir trabalhar, após ter regressado da viagem de férias.
Agora, as duas escolas da Amadora vão encerrar até dia 20 de março. Pelo menos cinco alunos da professora foram infetados e estão a ser acompanhados no Hospital Dona Estefânia.
Cerca de 150 alunos, três funcionários e cinco professores que tiveram contacto mais próximo com a docente vão ficar em casa para cumprirem um período de isolamento de 14 dias.
O primeiro caso de Covid-19 no distrito de Faro surgiu no domingo. Trata-se de uma rapariga, de 16 anos, de Portimão, que esteve nas férias de Carnaval em Itália; está agora a ser acompanhada em Lisboa. O motivo de não ter sido tratada em Faro não é conhecido.
A Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes, em Portimão, anunciou ontem que vai fechar portas nas próximas duas semanas. Além disso, os alunos que estiveram em contacto direto com a aluna “irão ser contactados e poderão ficar em isolamento social durante 14 dias, nas ruas residências”, revelou, em comunicado.
No Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) há, desde a semana passada, um doente infetado com Covid-19 a ser acompanhado. As informações sobre o mesmo são, porém, muito escassas. Segundo a DGS, o foco da infeção é conhecido.
Na semana passada, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) restringiu os horários e os acessos das visitas aos doentes e com vista a garantir melhor segurança nas unidades de saúde.
O tempo de visitas foi limitado ao período entre as 15:00 e as 16:00 e entre as 19:00 as 19:30 e a um visitante por doente.
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