Sociedade

Tancos. Defesa de Azeredo Lopes admite prescindir de depoimento de Costa

António Costa e na chegada à cimeira da NATO em Bruxelas, em julho de 2018
António Costa e na chegada à cimeira da NATO em Bruxelas, em julho de 2018
DARRIN ZAMMIT LUPI/GETTY

Caso as restantes defesas se sintam prejudicadas, Azeredo vai pedir, como alternativa, que se use o depoimento de António Costa à comissão parlamentar de inquérito. O objetivo do ex-ministro é obrigar o juiz Carlos Alexandre a decidir sobre a forma do depoimento do primeiro-ministro

Tancos. Defesa de Azeredo Lopes admite prescindir de depoimento de Costa

Hugo Franco

Jornalista

Tancos. Defesa de Azeredo Lopes admite prescindir de depoimento de Costa

João Pedro Barros

Editor Online

A defesa de Azeredo Lopes no caso de Tancos, que envolve o furto e posterior achamento de armamento e material de guerra, em junho de 2017, admite prescindir do testemunho de António Costa, que foi arrolado precisamente pelo ex-ministro da Defesa na instrução do processo.

A notícia foi avançada pela TVI e entretanto confirmada pelo Expresso.

Em despacho emitido esta terça-feira, o juiz Carlos Alexandre insistia que o primeiro-ministro deveria ser ouvido presencialmente, em vez de prestar declarações por escrito, como tinha sido autorizado pelo Conselho de Estado.

Em resposta, a defesa de Azeredo Lopes mantém que lhe é indiferente a forma em que a testemunha possa ser ouvida – por escrito ou por via presencial –, mas que, caso as restantes defesas se sintam prejudicadas, pondera prescindir da testemunha. "O arguido arrolou como testemunha o Senhor Primeiro-Ministro, Dr. António Costa, por considerar que o seu depoimento poderia ser relevante para o esclarecimento dos factos que lhe são imputados na acusação", pode ler-se na resposta do ex-ministro ao juiz Carlos Alexandre, a que o Expresso teve acesso.

No documento, Azeredo Lopes acrescenta: "Ao arguido é absolutamente indiferente que o depoimento da referida testemunha seja prestado por escrito ou presencialmente". O ex-ministro da Defesa lembra que "a questão jurídica subjacente só pode ser esclarecida e dirimida entre o Tribunal e o Conselho de Estado, sendo alheia ao ora arguido e ultrapassando-o enquanto arguido neste processo."

E por isso irá solicitar a junção aos autos do depoimento que António Costa prestou por escrito à comissão parlamentar de inquérito ao caso. "Se o Tribunal entender que o depoimento por escrito da testemunha arrolada, em conformidade com o condicionamento imposto pelo Conselho de Estado, poderá de algum modo prejudicar o esclarecimento dos factos, a defesa de algum dos co-arguidos ou a celeridade do processo, e não sendo razoavelmente ultrapassado o diferendo, o arguido declara desde já que pretende prescindir do depoimento da testemunha em causa, requerendo então que supletivamente seja junto ao processo o depoimento de Sua Excelência, o Primeiro-Ministro, prestado na Comissão Parlamentar de Inquérito sobre as consequências e responsabilidades políticas do furto do material militar ocorrido em Tancos."

O objetivo do ex-ministro é obrigar o juiz Carlos Alexandre a decidir sobre a forma do depoimento do primeiro-ministro António Costa.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: HFranco@expresso.impresa.pt

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